O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou nesta segunda-feira (21/2) o fim das principais medidas relativas à pandemia de coronavírus na Inglaterra, como a obrigação de isolamento para pessoas que testam positivo para covid e a distribuição gratuita de testes.
No anúncio de seu plano "Living with Covid" ("Vivendo com a Covid"), feito no Parlamento, Johnson disse que, a partir de 1º de abril, os testes gratuitos serão direcionados apenas às pessoas mais vulneráveis.
"Hoje não é o dia em que podemos declarar vitória sobre a covid porque esse vírus não vai desaparecer, mas é o dia em que todos os esforços dos últimos dois anos finalmente nos permitem nos proteger enquanto restauramos nossas liberdades por completo", afirmou o primeiro-ministro.
"Depois de dois dos anos mais sombrios e cruéis de nossa história em tempos pacíficos, acredito que este é um momento de orgulho para nossa nação e uma fonte de esperança para tudo o que podemos alcançar nos próximos anos".
As medidas do chamado "plano B", como a exigência de máscaras em locais públicos e de passaportes vacinais para grandes eventos, já haviam sido extintas na Inglaterra mês passado.
Algumas das novas medidas e datas anunciadas são:
- A partir de 21 de fevereiro: O governo está retirando as orientações para que funcionários e estudantes na maioria das instituições de educação façam testes duas vezes por semana.
- A partir de 24 de fevereiro: Pessoas que testam positivo não terão mais obrigação legal de se isolar, mas ainda receberão a recomendação de ficar em casa e evitar contato com outras pessoas por ao menos cinco dias completos. O rastreamento de contatos também acabará, então pessoas nessa situação e totalmente vacinadas e com menos de 18 anos não serão mais obrigadas a fazer testes diários por sete dias. O pagamento de £500 (cerca de R$ 3,4 mil) para pessoas de baixa renda que testam positivo e precisam se isolar será extinto.
- A partir de 1º de abril: A distribuição em massa e gratuita de testes para o público geral, seja de pessoas sintomáticas ou assintomáticas, será finalizada. Pessoas com sintomas deverão exercer uma responsabilidade pessoal para decidir quando ficar em casa ou não.
O primeiro-ministro destacou que o país superou o pico da variante ômicron, com queda de casos e internações hospitalares — mas mesmo nesse cenário de maior alívio, medidas de vigilância e controle continuarão a postos para responder a um eventual ressurgimento de picos da doença ou de uma nova variante, completou.
Nesta transição, cada vez mais as autoridades locais terão maior responsabilidade de administrar novos surtos.
"Apenas porque os níveis de imunidade estão tão altos e as mortes estão agora abaixo do que você normalmente esperaria para este momento do ano que podemos acabar com estas restrições", afirmou Johnson.
Cedo demais?
O anúncio se restringe à Inglaterra, já que as outras três nações do Reino Unido — Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales — possuem alguma autonomia para definir suas próprias regras.
A Associação Médica Britânica se posicionou afirmando que o plano falha em proteger aqueles em maior risco, como as pessoas imunossuprimidas. Políticos de oposição também disseram que as medidas estão sendo aplicadas cedo demais.
O secretário de Saúde do Partido Trabalhista, Wes Streeting, disse que a decisão é "como estar vencendo uma partida por apenas 2 a 1 e, faltando 10 minutos para o fim do jogo, você tira de campo o seu melhor zagueiro".
"Ainda não estamos fora de perigo", disse ele.
Streeting acusa Johnson de estar agindo por "fragilidade política, e não pelo interesse em saúde pública".
Neste ano, Johnson enfrenta uma crise política após a revelação de que algumas autoridades britânicas participaram de festas em gabinetes no auge dos lockdowns, quando esses tipos de eventos eram proibidos.
Futuro da vacinação
O primeiro-ministro disse que, com seu plano Living with Covid, a perspectiva é que mais doses de reforço serão direcionadas às pessoas com mais de 75 anos e àquelas com mais de 12 anos e alguma vulnerabilidade.
Pouco mais de 91% das pessoas no Reino Unido com 12 anos ou mais receberam a primeira dose de uma vacina, 85% receberam a segunda e 66% receberam a terceira dose de reforço, segundo dados oficiais.
Crianças entre cinco e 11 anos na Inglaterra ainda não foram vacinadas — isso começará apenas em abril. Isso também vai acontecer na Irlanda do Norte, País de Gales e Escócia.
O anúncio do primeiro-ministro acontece um dia após o Palácio de Buckingham revelar que a rainha Elizabeth 2ª, de 95 anos, testou positivo para covid. A monarca espera continuar com "tarefas leves" em Windsor durante a semana, segundo um comunicado oficial.
A Inglaterra e a pandemia
- Março de 2020: Primeiro lockdown nacional
- Maio a julho de 2020: Plano para fim do lockdown, levando ao fim de muitas, mas não todas, restrições
- Setembro a outubro de 2020: Novas restrições introduzidas, incluindo a regras que limitavam número de pessoas que podiam se encontrar
- Novembro de 2020: Segundo lockdown nacional, na tentativa de frear um grande aumento nas internações hospitalares
- Dezembro de 2020: Mais restrições anunciadas, com diretrizes específicas para as festas de fim de ano
- Janeiro a março de 2021: Terceiro lockdown nacional
- Março a julho de 2021: Plano para fim do lockdown, desta vez com quase todas as medidas removidas
- Dezembro de 2021 a janeiro de 2022: "Plano B", com novas restrições em resposta à variante ômicron
- Fevereiro de 2022: fim do "Plano B" e anúncio de novas liberações, em meio ao plano "Living with Covid"
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