A TV estatal russa, Canal 1, mostrou os destroços do maior avião do mundo. Aparentemente, as imagens foram ao ar na Rússia entre quinta-feira (25/2) e sexta-feira (26/2). Mas só uma semana depois, nesta sexta-feira (4/3), elas vazaram e foram replicadas pela mídia ocidental.
As imagens mostram o que restou do Antonov AN-225. O avião era chamado de Mriya, que significa "Sonho" e era sinônimo de orgulho para a Ucrânia. A correspondente do Canal 1, Irina Kuksenkova, mostra o aeroporto de Gostomel destruído e chega a se esquivar em frente às câmeras duas vezes quando estrondos, que sugerem explosões, são ouvidos ao fundo.
O aeroporto de Gostomel fica a 24 km da capital Kiev e foi alvo de ataques no primeiro dia de invasão russa. O Mriya tinha seis motores distribuídos nas asas de 88,4 m de envergadura e capacidade de carga para 250 toneladas. Ele foi construído em 1988 para dar apoio ao programa espacial russo, que, na época, tinha uma boa relação com o governo local.
Pelo vídeo, é possível ver que o jato ficou completamente arruinado, especialmente o casco e o nariz. A fabricante Antonov informou que não é possível dar detalhes sobre a condição técnica do avião até que ele seja avaliado por especialistas. Já o governo ucraniano, que havia alertado para a possibilidade da destruição do jato no domingo (27/2), diz que o conserto pode ficar em US$ 3 bilhões.
“Nossa tarefa é garantir que esses custos sejam cobertos pela Federação Russa, que causou danos intencionais à aviação da Ucrânia e ao setor de carga aérea”, diz nota da empresa estatal de defesa ucraniana, Ukroboronprom. O texto oficial fala ainda que o avião estava em Gostomel para reparos.
Versões paralelas
O episódio de destruição do aeroporto é mais um exemplo da discrepância de notícias recebidas pelo público ocidental e pelos russos. No vídeo do Canal 1 a repórter diz que a própria artilharia ucraniana foi responsável pelo ataque e que foram eles quem bombardearam e incendiaram o local.
O site especializado em negócios Insider destacou a inconsistência nas duas versões e informou que nem a repórter Irina Kuksenkova nem a estatal ucraniana deram fontes sobre suas alegações. Enquanto protestos contra a invasão da Ucrânia são registrados inclusive em território russo, a imprensa local tem sido pressionada a publicar versões favoráveis ao presidente Vladmir Putin.