O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, declarou, durante coletiva na tarde desta terça-feira (1º/3), que o Brasil precisa tomar uma posição mais forte e condene a ação de Vladimir Putin no leste europeu. “Eu acho que ele [Bolsonaro] poderia começar com uma palavra de solidariedade. Gostaríamos de uma posição mais forte do Brasil, posição de apoio e condenação da Rússia”, declarou
O recado foi direcionado ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que em entrevista na noite de segunda-feira (28/2), manteve o posicionamento de neutralidade do Brasil em relação ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia. Além disso, o mandatário mostrou preocupação com os negócios brasileiros de fertilizantes que são realizados com a Rússia.
O encarregado ucraniano no Brasil, que classificou a Rússia como “tóxica”, pediu que todos os países rompam laços com a potência. “Apelamos a todos que cortem os laços comerciais com a Rússia, todos os laços. Fazer negócios com a Rússia agora significa financiar agressão, crimes de guerra, desinformação, ataques cibernéticos e até mesmo o líder russo, Vladimir Putin”, disse o representante diplomático da ucraniana no Brasil.
Segundo ele, ainda, apesar das conversas com autoridades, não existe diálogo com a cúpula do governo brasileiro, mas que a Ucrânia está aberta a essa interlocução. Ele apelou para um posicionamento mais forte do Brasil e revelou não entender o que Bolsonaro chama de imparcialidade.
Ajudas entre os países
Sobre a ajuda com os vistos humanitários oferecidos por Bolsonaro aos fugitivos da guerra que quiserem vir para o Brasil, Anatoliy agradeceu, inclusive, aos governos estaduais que já se pronunciaram. De acordo com ele, São Paulo e Curitiba já estão prontos para acolher, receber, orientar e inserir no mercado de trabalho os ucranianos.
“É um gesto de hospitalidade, mas para a agressão nós precisamos fazer uma pressão sob o agressor e essa pressão é o que muitos países do mundo já estão adotando, cortando os laços e isolando a Rússia.
Já em relação à lista enviada ao Itamaraty ontem, com pedido de ajuda humanitária, o encarregado revelou não ter tido resposta até o momento. Segundo a Organização das Nações Unidadas (ONU), o conflito já deixou 136 mortos, 400 feridos e 660 mil refugiados até segunda-feira.