Guerra na Ucrânia

'Alvo número dois' de Putin, primeira-dama se nega a deixar Ucrânia

Olena Zelensky, de 44 anos, tornou-se um símbolo de coragem na Ucrânia e representa o papel feminino na guerra contra a Rússia

No primeiro dia de guerra contra a Rússia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, comunicou ao país que não deixaria a Ucrânia. “Ficarei na capital, com o meu povo. Ficarei aqui, tal como a minha família, que também está na Ucrânia. Não somos traidores, somos cidadãos ucranianos”, disse. No mesmo pronunciamento, Zelensky disse que Vladimir Putin o marcou como “alvo número um”, e a família dele como “alvo número dois”.

Os Estados Unidos se prontificaram a resgatar Zelensky e familia de Kiev, capital ucraniana, para impedir que o presidente seja capturado ou morto pelo exército russo, mas ele se negou a fugir do país. Quem também se negou a sair foi Olena Zelensky, a primeira dama da nação ucraniana.

Com 44 anos de idade e dois filhos com Zelensky, a roteirista tornou-se o rosto que demonstra a coragem feminina diante da guerra. “Nossa oposição atual também tem um rosto particularmente feminino”, escreveu Olena em uma postagem no Instagram, onde destacou que a população ucraniana é de maioria feminina (cerca de 2 milhões de mulheres a mais) e que elas têm papel fundamental na guerra.

Reprodução/Instagram - Olena Zelensky, primeira dama da Ucrânia

“Minha admiração e reverência a vocês, compatriotas incríveis! As que lutam nas fileiras das Forças Armadas e as que se alistam na defesa. Aquelas que curam, salvam, alimentam. Aquelas que levam crianças para abrigos todos os dias sem pânico e as entretêm com jogos e desenhos animados para salvar as mentes das crianças da guerra”, escreveu.

Desde que o confronto começou, Olena usou as redes sociais (ela tem 2 milhões de seguidores no Instagram) para mostrar ao mundo a violência da guerra. Nesta terça-feira (1º/3), Olena publicou um vídeo com imagens impactantes da invasão russa.

“Por causa do ataque de Putin, os ucranianos têm que levar seus filhos para os porões todas as noites e lutar contra o inimigo sob os muros de suas casas. A Ucrânia é um país pacífico. Somos contra a guerra e não atacamos primeiro. Mas não vamos desistir. O mundo inteiro, veja: estamos lutando pela paz também em seus países”, escreveu.

Contrária à candidatura do marido

Olena tem um espaço de destaque na mídia ucraniana, estampando revistas e dando entrevistas na televisão. Em um primeiro momento, ela se opôs à candidatura do marido ao cargo mais importante do país, mas mudou de ideia para poder apoiá-lo. “Não fiquei feliz quando percebi quais eram os planos dele. Percebi que tudo iria mudar e quais as dificuldades que iriamos enfrentar”, contou Olena em uma entrevista à Vogue Ucrânia em 2019, quando foi capa da edição.

“Não sou uma pessoa que queria se expor ao público. Mas a minha nova realidade requer que quebre essa regra e estou tentando cumprir isso”, disse. A revista destacou a atuação da primeira dama em temas como violência doméstica e direitos das pessoas com deficiência.

Olena e Zelensky se casaram em 2003. O casal se conheceu na Universidade Nacional de Kryvyi Rih, na Ucrânia, onde ambos estudavam Arquitetura. Ela acabou tornando-se escritora, e depois atuou como roteirista de programas de comédia para a televisão ucraniana, enquanto Volodymyr Zelensky tornou-se um dos principais comediantes do país. 

A localização de Olena, o marido e os dois filhos segue em segredo pela segurança da família. Mas a primeira dama segue ativa nas redes sociais, encorajando a população. “Tenho orgulho de morar no mesmo país que vocês. Dizem que muitas pessoas juntas tornam-se uma multidão. Mas isso não é sobre nós (ucranianos). Porque muitos ucranianos juntos não são uma multidão, são um exército”, escreveu.

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