Mercado em crise

A desvalorização de 30% da moeda russa, a disparada dos juros e o mercado de ações deram à dimensão do enrosco econômico no qual a Rússia se meteu após a invasão à Ucrânia. Para analistas, deve-se esperar o derretimento da economia russa.

O sistema bancário russo já sente os efeitos dos saques bancários significativos realizados pela população. Os russos têm formado longas filas na porta dos bancos para resgatar dinheiro com medo de perdas futuras. Com a situação, as instituições financeiras correm risco de quebrar, caso o volume de resgates comprometa o fluxo de caixa.

Em outros países onde bancos russos têm filiais, também houve corrida por saques. O caos levou o Banco Central Europeu a afirmar que a filial europeia de um dos maiores bancos russos, o Sberbank, poderia quebrar.

Para tentar estabilizar a moeda, o Banco Central da Rússia elevou a taxa de juros de 9,5% para 20%, em uma medida de emergência. As autoridades ainda disseram às empresas focadas na exportação para estarem prontas para vender moeda estrangeira. A turbulência financeira fez com que o banco decidisse manter fechado, ontem, o mercado de ações no país.

Na Ucrânia, a população é assombrada pelo risco de desabastecimento, caso a guerra se estenda por um pouco mais tempo. "A Rússia escolheu o momento certo para dar o bote. Na Europa, o inverno está terminando, o que reduz a dependência de aquecimento nas casas. Os ucranianos, com certeza, vão sofrer desabastecimento, pois isso faz parte da estratégia russa de enfraquecê-los", apontou o economista César Bergo.