Oriente Médio

Crise no Oriente Médio se agrava e Israel teme onda de violência

Premiê Naftali Bennett cita "onda de terrorismo árabe assassino", após palestino matar dois israelenses, dois ucranianos e um policial judeu, em cidade próxima a Tel Aviv. EUA e ONU condenam atentado de terça-feira, o terceiro em uma semana

Correio Braziliense
postado em 31/03/2022 06:00
 (crédito: Menahem Kahana/AFP)
(crédito: Menahem Kahana/AFP)

O primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett, alertou ontem para uma possível "onda" de violência, antes do enterro de duas das cinco pessoas mortas em um ataque executado por um palestino armado na região central do país. As mortes de quatro civis e de um policial em Bnei Brak — cidade ultrarreligiosa próxima de Tel Aviv — ocorreram no terceiro ataque fatal em Israel em uma semana.

Líder de uma coalizão heterogênea de governo, a qual reúne de judeus nacionalistas até árabes, Bennett declarou que o país "enfrenta uma onda de terrorismo árabe assassino". O chefe de governo se reuniu com os principais funcionários da área de segurança para revisar a situação e estudar respostas. 

"Diaa Armashah, de 27 anos, um palestino da cidade de Yabad (Cisjordânia), chegou à Rua Jabotinsky, em Bnei Brak, armado com um fuzil M-16", informou a polícia israelense, por meio de um comunicado. Ao caminhar para uma rua próxima, ele atirou em dois ucranianos, de 32 e 23 anos, e depois matou dois israelenses, antes de ser confrontado pela polícia — um dos agentes morreu no tiroteio. A polícia anunciou que as forças de segurança permanecem em alerta máximo e que mobilizará unidades adicionais na Cisjordânia e arredores. 

O atentado da última terça-feira aumentou para 11 o número de mortos em ataques em Israel na última semana, sem contar os criminosos. As outras vítimas foram identificadas como Yaakov Shalom, de 36 anos, e Avishai Yehezkel, 29, ultraortodoxos radicados em Bnei Brak, e Amir Khoury, 32, um policial árabe cristão. 

Os dois ucranianos não foram identificados pelos nomes, mas a embaixada do país em Israel confirmou a nacionalidade e condenou os "atrozes ataques terroristas". Quase 15 mil ucranianos vivem em Israel, mas desde a invasão russa da Ucrânia, em 24 de fevereiro, o país recebeu 20 mil refugiados procedentes da ex-república soviética, de acordo com o Ministério do Interior israelense. Uma fonte diplomática ucraniana afirmou à agência France-Presse que as vítimas moravam há anos em Israel, e não eram refugiadas da guerra. 

Os funerais de Yehezkel e Shalom ocorreram ontem pela manhã. Khoury será sepultado hoje, em Nazaré. O presidente palestino, Mahmud Abbas, que controla a Cisjordânia ocupada, expressou uma incomum condenação aos ataques. "O assassinato de civis palestinos e israelenses apenas agrava a situação, quando nos esforçamos para conseguir a estabilidade", afirmou, em comunicado divulgado pela agência oficial palestina Wafa.

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, condenou o "ataque terrorista" e chamou a recente onda de violência em Israel de "inaceitável". O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, afirmou que "tais atos de violência nunca podem ser justificados e devem ser condenados por todos".

Série de ataques

No domingo passado, dois policiais foram mortos a tiros na cidade de Hadera, norte do país. O ataque foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), que, desde 2017, não assumia oficialmente a responsabilidade por nenhum ataque dentro do território israelense. Os dois autores foram mortos. Em 22 de março, uma pessoa ligada ao Estado Islâmico matou a facadas e com um veículo quatro israelenses, dois homens e duas mulheres, na cidade de Beersheva (sul de Israel). O agressor foi identificado como um professor condenado, em 2016, a quatro anos de prisão por planejar viajar à Síria para lutar ao lado do EI.

Os ataques da última terça-feira, perto de Tel Aviv, coincidiram uma visita do ministro israelense da Defesa, Benny Gantz, à Jordânia para tentar assegurar a calma nos Territórios Palestinos durante o mês sagrado do Ramadã.

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