Os bombardeios e os intensos ataques da Rússia contra áreas povoadas da Ucrânia geram "imensa preocupação" e podem constituir "crimes de guerra", disse a alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, nesta quarta-feira (30).
"Ataques indiscriminados são proibidos pelo direito internacional humanitário e podem constituir crimes de guerra", disse a ex-presidente chilena diante do Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, recorrendo à condicional por convenção, já que as acusações devem ser decididas por um tribunal.
"A vida de milhões de pessoas foram viradas de cabeça para baixo ao se verem forçadas a fugir de suas casas ou viver em porões e abrigos antiaéreos enquanto suas cidades são sitiadas e destruídas", acrescentou.
O Alta comissária insistiu que a Rússia atendesse aos apelos internacionais e passe a "agir imediatamente para retirar suas tropas do território ucraniano".
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Bachelet também se preocupou com o uso de armas extremamente poderosas e com amplo alcance de ação em áreas povoadas, causando "danos massivos" entre os civis.
Ela indicou que seus serviços coletaram "evidências críveis de que as forças armadas russas usaram bombas de fragmentação em áreas povoadas pelo menos 24 vezes" desde o início da invasão, em 24 de fevereiro.
Nem a Rússia nem a Ucrânia aderiram à convenção que proíbe essas armas, que são particularmente letais porque muitas vezes não explodem imediatamente e se tornam minas.
Bachelet também produziu uma tabela detalhada dos ataques contra estruturas de saúde na Ucrânia, que totalizam 77 centros de saúde danificados, incluindo 50 hospitais e uma dúzia de estruturas totalmente destruídas. Mas ela acha que o número real "provavelmente será consideravelmente maior".
Esse também é o caso do número de civis mortos, dos quais o gabinete do Alto Comissariado vem contabilizando desde 24 de fevereiro.
De acordo com esses números, até terça-feira, 29 de março, 1.189 civis foram mortos, incluindo 98 crianças. Um saldo que, reconhece, está muito aquém da realidade, pois as suas equipes não têm acesso direto aos locais mais expostos, como Mariupol (sudeste), onde foi detectada a presença de valas comuns.
As autoridades ucranianas reivindicam entre 5.000 e 10.000 mortos somente neste porto, cercado por semanas.
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