Um jovem foi baleado enquanto participava de uma marcha estudantil nesta sexta-feira (25) no centro de Santiago, onde indivíduos encapuzados provocaram alguns episódios de violência, no primeiro protesto durante o presidente de esquerda Gabriel Boric, com apenas duas semanas no cargo.
"Um jovem foi ferido por um disparo", disse à imprensa o vice-secretário do Interior, Manuel Monsalve, ao informar que o manifestante foi ferido por uma arma de um "funcionário de trânsito, não do Controle de Ordem Pública; temos que esclarecer as circunstâncias", informou.
Pouco depois, a ministra do Interior, Izkia Siches, reunida em Valparaíso com o presidente Boric, informou que se trata de um jovem de 19 anos "que foi ferido por um impacto de bala no tórax" e qualificou que o fato investigado é "gravíssimo".
"Boric, escuta, junte-se na luta", gritaram grupos de estudantes universitários ao passar em frente ao Palácio Presidencial de La Moneda.
Eles pediam um aumento do valor de um cartão de alimentação entregue pelo Estado, equivalente a cerca de dois dólares por dia, e foram recebidos por autoridades do Ministério da Educação.
Paralelamente, alunas do ensino médio somaram-se à manifestação para protestar contra as denúncias de abuso e assédio nas escolas.
Boric, ex-líder estudantil, liderava há uma década manifestações reivindicando educação pública, gratuita e de qualidade no Chile.
"O cartão da Junaeb (Junta nacional de auxílio escolar e bolsas) nos mantêm a (base de) pão e água", protestaram os estudantes com vários cânticos dirigidos a Boric, de 36 anos, que assumiu o poder em 11 de março como o presidente mais jovem da história do Chile.
Encapuzados e violência
A alguns metros da sede presidencial, um grupo de encapuzados saqueou uma farmácia e depredou uma parada do transporte público. Também atirou pedras em policiais, que desta vez controlaram a marcha com menos pessoal e maior distância da coluna principal de estudantes, que em sua maioria fizeram uma mobilização pacífica.
Grupos violentos também agrediram uma equipe da TV pública chilena e uma agente de polícia no centro de Santiago.
Para repelir os encapuzados, as forças especiais lançaram jatos d'água e fizeram soar as sirenes de seus carros de polícia, mas desta vez sem jogar bombas de gás lacrimogênio.
Boric propôs em seu programa de governo avançar em um sistema de proteção mais robusto em educação, pensões e saúde.
Também prometeu avançar no perdão das dívidas milionárias que arrastam estudantes que adotaram o chamado "CAE" ou Crédito com Aval do Estado, instaurado em 2006 e que permitiu a muitos estudantes de classe baixa e média acessarem as universidades chilenas, mas com um alto nível de endividamento por juros.
Na época, os centros educacionais não tinham estabelecidos programas de gratuidade.
O CAE tem cerca de 350.000 inscritos e supera os 10 bilhões de dólares no Chile, um dos países com a educação mais cara da América Latina.
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