Os ministros das Relações Exteriores europeus chegaram a um acordo político nesta segunda-feira(21) para contribuir com 500 milhões de euros adicionais (cerca de 2,7 bilhões de reais), dobrando assim seu fundo de auxílio material à Ucrânia.
"É uma satisfação anunciar que chegamos a um acordo político" para liberar esses fundos, disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, no final de uma reunião em Bruxelas.
A UE já havia aprovado o uso de 500 milhões de euros do Fundo Europeu de Apoio à Paz para a compra e entrega de material letal e equipamentos médicos à Ucrânia, que enfrenta uma ofensiva militar da Rússia.
No entanto, durante uma reunião de líderes europeus realizada há duas semanas em Versalhes, na França, Borrell havia lançado a proposta de dobrar esse valor, elevando-o para cerca de um bilhão de euros.
A utilização desses recursos exige a unanimidade dos países da UE, embora os membros do bloco tenham a possibilidade de se abster na tomada de decisões, a fim de evitar o bloqueio da ajuda às forças ucranianas.
Os recursos são usados para reembolsar os países da UE pela ajuda militar concedida à Ucrânia usando suas próprias reservas de material de guerra.
O governo ucraniano apresentou à UE pedidos muito detalhados do equipamento militar necessário para lidar com a ofensiva russa.
Os ministros das Relações Exteriores da UE também discutiram a crescente pressão para que o bloco adote sanções que afetem as exportações de energia da Rússia devido à invasão da Ucrânia, embora no momento sem um acordo substantivo.
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Sanções em análise
"Não foi um dia para tomar decisões, e nenhuma decisão foi tomada, mas esta e outras medidas foram objeto de análise pelos ministros", disse Borrell.
Até agora, a UE adotou vários pacotes de pesadas sanções econômicas contra autoridades e empresas russas, mas resistiu em estender as medidas restritivas aos setores de energia, especialmente petróleo e gás, devido ao alto nível de dependência europeia.
A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, disse que os países europeus estão "trabalhando duro para reduzir nossa dependência das importações de combustíveis fósseis... e vamos sair da dependência energética que temos da Rússia".
A pressão dos ministros europeus por sanções ao setor energético russo se multiplicou após o ataque à cidade ucraniana de Mariupol, que o próprio Borrell descreveu nesta segunda-feira como um "crime de guerra".
Durante o dia, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, exortou a UE a interromper todo o comércio com a Rússia, em particular os recursos energéticos.
"Sem euro para os ocupantes, feche todas as portas, não envie seus bens, rejeite os recursos energéticos", pediu o presidente ucraniano.
Em geral, estima-se que cerca de 40% das importações europeias de gás combustível sejam provenientes da Rússia, e várias estimativas indicam que no segmento petrolífero esta dependência é superior a 20%.
Por isso, parte importante da infraestrutura industrial do bloco é sustentada pela disponibilidade dessas fontes de energia, principalmente o gás russo. Esta situação é particularmente sensível na Alemanha.
Entre as sanções já adotadas, a UE determinou a exclusão de importantes bancos russos da rede interbancária Swift, mas não incluiu nessa medida as entidades às quais faz pagamentos importantes por importações de petróleo e gás.
Em sua reunião nesta segunda-feira, os ministros das Relações Exteriores europeus também discutiram a situação no Mali.
“Enviamos um pedido às autoridades para esclarecer as condições nas quais podemos continuar lá. Até que a resposta chegue, instruí o líder militar da equipe a adaptar o funcionamento da missão às circunstâncias em que se encontra", disse Borrell.
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