Coronavírus

O que são mísseis hipersônicos, que Rússia diz ter usado pela 1ª vez na Ucrânia

O presidente Vladimir Putin destacou repetidamente o investimento da Rússia em mísseis hipersônicos, que podem viajar a mais de cinco vezes a velocidade do som, ou Mach 5.

By Paul Kirby - BBC News
postado em 20/03/2022 08:12
 (crédito: Ministério da Defesa da Rússia)
(crédito: Ministério da Defesa da Rússia)


Os militares russos dispararam um míssil balístico hipersônico e destruíram um grande depósito subterrâneo de armas no oeste da Ucrânia, informou o Ministério da Defesa em Moscou.

Se confirmado, seria o primeiro uso pela Rússia nesta guerra do míssil balístico Kinzhal, ou Dagger, lançado a partir do ar, provavelmente por um avião de guerra MiG-31.

O que são mísseis hipersônicos?

O presidente Vladimir Putin destacou repetidamente o investimento da Rússia em mísseis hipersônicos, que podem viajar a mais de cinco vezes a velocidade do som, ou Mach 5.

As estatísticas são impressionantes: de acordo com autoridades russas, o Kinzhal pode atingir um alvo a até 2.000 km de distância e pode voar mais rápido que 6.000 km/h. Mas isso os torna mais perigosos do que outros mísseis ou mesmo artilharias que podem causar a mesma morte e destruição?

"Não vejo isso como tão significativo", diz James Acton, especialista em política nuclear do Fundo Carnegie para a Paz Internacional. "Não sei quanta vantagem a Rússia está obtendo com o uso de mísseis hipersônicos."

Putin se gabou em dezembro que a Rússia estava liderando o mundo em mísseis hipersônicos, que são difíceis de rastrear porque podem mudar de direção em pleno voo.

A Rússia postou um vídeo do que disse ter sido seu ataque com mísseis ao depósito de armas em Deliatyn, uma vila no sudoeste da Ucrânia, a apenas 100 km da fronteira com a Romênia.


"É um sinal de exibicionismo. Mesmo que seja usado, devemos considerá-lo como um evento isolado, porque a Rússia não possui um grande número desses mísseis", diz Dominika Kunertova, do Centro de Estudos de Segurança de Zurique, na Suíça.

'Não é um divisor de águas'

O líder russo apresentou o Kinzhal quatro anos atrás como uma de uma série de armas "invencíveis" que, segundo ele, escapariam das defesas inimigas. Os outros mísseis hipersônicos são o Zirkon e o Avangard, ambos mais rápidos e com alcance muito maior.

O Kinzhal pode transportar uma ogiva nuclear, bem como uma ogiva convencional e relatórios recentes dizem que caças MiG-31 foram enviados para Kaliningrado, deixando inúmeras capitais europeias ao seu alcance. Não há indicação de onde o ataque ao depósito de armas foi lançado.

"É um sinal para o Ocidente, porque Putin está irritado com o fato de o Ocidente ousar transferir todas essas armas [para a Ucrânia]", disse Kunertova à BBC. "É questionável que [o Kinzhal] seja tão preciso, então não é um divisor de águas."

Vladimir Putin
Getty Images
Vladimir Putin destacou repetidamente o investimento da Rússia em mísseis hipersônicos, que podem viajar a mais de cinco vezes a velocidade do som

James Acton diz que o Kinzhal foi pensado para ser um míssil Iskander modificado para caças (aviões militares de combate aéreo), e mísseis Iskander-M já foram disparados por lançadores russos desde o início da guerra.

Embora o Iskander-M tenha um alcance muito menor do que o míssil lançado a partir do ar, o Ministério da Defesa da Ucrânia afirmou esta semana que a Rússia disparou quase todos os seus mísseis Iskander durante os primeiros 20 dias da guerra.

Um oficial de defesa dos Estados Unidos teria dito na sexta-feira que as forças russas dispararam mais de 1.080 mísseis desde 24 de fevereiro.

"É um número surpreendente e uma fração muito significativa do inventário da Rússia antes da guerra", diz Acton, apontando para o crescente uso de bombas não guiadas em ataques aéreos russos. "Eles podem muito bem estar com falta de munição de precisão."


Sabia que a BBC está também no Telegram? Inscreva-se no canal.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.