No 18º dia da invasão russa à Ucrânia, uma sensível mudança de tom marcou as declarações dos senhores da guerra. Por enquanto, nada que interfira na ofensiva sobre as principais cidades ucranianas, continuamente atacadas pelas forças de Vladimir Putin. Mas ajuda a alimentar a esperança por uma solução diplomática do conflito. As declarações dadas no domingo aumentaram a expectativa em torno da nova rodada de negociações, marcada para hoje, entre representantes dos dois países. Desta vez, a conversa será por videoconferência. As informações foram dadas pelo secretário de imprensa presidencial da Rússia, Dmitry Peskov, à agência de notícias russa Tass.
Um dos principais negociadores de Putin também aproveitou uma entrevista para comentar essa mudança de estado de espírito. "Se compararmos as posições das delegações no início das negociações e hoje, veremos que houve um progresso substancial. De acordo com minhas expectativas pessoais, esse progresso pode evoluir para uma posição comum de ambas as delegações e para documentos a serem assinados nos próximos dias", avaliou o chefe do Comitê de Relações Exteriores da Duma (Parlamento da Rússia) e membro da delegação de negociadores Leonid Slutsky, em entrevista ao canal de televisão RT Arabic.
Do lado ucraniano, o chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky e um dos seus principais negociadores, Mykhailo Podolyak, revelou que aumentaram as chances de um encontro entre os dois chefes de governo. "Acho que não vai demorar muito para acontecer. Não dá para dizer que esse encontro pode ser em um futuro próximo, em um dia, dois, três. Ainda vai demorar um pouco, mas vamos tentar fazer isso acontecer o mais rápido possível", disse Podolyak, ontem, em Kiev.
Israel e Turquia
As declarações repercutiram na imprensa russa. A agência Tass informou que os dois países já buscam um local seguro para promover o encontro entre Putin e Zelensky. Até lá, a diplomacia irá trabalhar por um possível acordo de cessar-fogo ou, na melhor das hipóteses, de paz. "Quando os documentos ficarem prontos, acordados provisoriamente, os presidentes poderão se reunir e já elaborar as disposições finais do tratado de paz", disse Podolyak.
Um dos locais que podem ser aceitos pelos dois lados para sediar esse encontro é Israel. O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, já ofereceu a Zelensky essa possibilidade. Outro chefe de Estado que se colocou como alternativa para ser o anfitrião desse encontro foi Recep Erdogan, da Turquia. "Pode ser Israel, pode ser Turquia, estamos procurando um local para organizar conversas do ponto de vista das garantias de segurança. E, o mais importante, estamos trabalhando em um pacote de acordos que levaria em conta as posições da Ucrânia", disse o ucraniano em entrevista ao canal de televisão Ukraina-24.
Protestos
As três primeiras rodadas de negociações entre as duas partes ocorreram em Belarus, país aliado da Rússia, e se concentraram, principalmente, em questões humanitárias, como a abertura de corredores para os civis.
Enquanto as peças se movimentam no tabuleiro diplomático, milhares de pessoas aproveitaram o domingo para protestar contra a guerra e pedir paz. Na Polônia, um ato espontâneo de pessoas bloqueou caminhões que saíam com destino a Belarus, para pedir respeito às sanções impostas desde a invasão russa, segundo a agência de notícias polonesa PAP.
Na Rússia, onde as manifestações estão proibidas, mais de 800 pessoas foram detidas por protestar contra a ofensiva, segundo a ONG OVD-Info, que monitora os movimentos sociais naquele país.
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