O novo presidente do Chile, Gabriel Boric, abriu seu primeiro dia no cargo, ontem, participando de uma cerimônia com povos indígenas no Palácio Presidencial de La Moneda, antes de assistir a uma missa, na Catedral de Santiago.
Boric e a primeira-dama, Irina Karamanos, receberam os pedidos e os bons votos de sete povos indígenas chilenos em um ato privado, em que todos sentaram-se no centro de um círculo, em um dos pátios da sede do Executivo. "Gerar um trabalho intercultural e uma nova relação entre o governo e os povos originários é vital para a construção de um Chile justo e digno", postou o presidente no Twitter junto com fotos da cerimônia.
"São gestos muito relevantes e nosso governo o faz com muita humildade", disse à imprensa a ministra do Interior, Izkia Siches, sobre a oração ecumênica, que contou com a presença de representantes dos povos yagán, lican antai, mapuche pewenche, rapa nui, mapuche lafkenche, diaguita e mapuche füta warria.
Em comunicado, a Presidência enfatizou que "a cerimônia multicultural enquadra-se em uma nova concepção do território como multinacional, onde se buscará o respeito, o diálogo e a participação".
"O objetivo é iniciar uma cerimônia em que os diversos povos indígenas, por meio de sábios, representantes e autoridades ancestrais, dirigem saudações, mensagens, orações e felicitações por palavras ou elementos simbólicos ao presidente, como veículo de um novo começo", completou.
O ministro dos Transportes, Juan Carlos Muñoz, e a de Meio Ambiente, Maisa Rojas, destacaram-se no primeiro dia de trabalho por irem ao palácio presidencial, no centro de Santiago, usando transporte público: ônibus no caso dele e bicicleta e metrô no dela.
Ao final da cerimônia e após a foto protocolar com ministros e vice-ministros, o presidente dirigiu-se à Catedral de Santiago para acompanhar os membros do seu gabinete, composto por 14 mulheres e 10 homens, para assistir à tradicional cerimônia católica da "oração pelo Chile".
Ucrânia
O chefe da diplomacia americana para a América Latina, Brian Nichols, conversou com ministros latino-americanos das Relações Exteriores sobre a invasão russa da Ucrânia, segundo vários tuítes publicados ao longo do dia de ontem.
Nichols está no Chile, onde acompanhou, ontem, a posse de Gabriel Boric como presidente. Ele aproveitou a viagem para promover uma maratona diplomática, reproduzida em sua conta no Twitter.
"Bom encontro" para discutir "a importância de uma posição forte e contínua contra a invasão injustificada e não provocada da Rússia à Ucrânia, assim como nossa cooperação nas prioridades do Hemisfério, inclusive, direitos humanos", publicou o diplomata sobre a reunião com o chanceler argentino, Santiago Cafiero.
O encontro teve importância estratégica. Inicialmente, a Argentina pediu uma "saída política" para a crise entre Rússia e Ucrânia e não quis apoiar uma declaração condenatória da Organização dos Estados Americanos (OEA), embora tenha rechaçado o uso da força armada. Mas, dias depois, na ONU, votou a favor do projeto de resolução da Assembleia Geral que exige a retirada imediata e incondicional das tropas russas.
A guerra também foi tema das conversas com os chanceleres do Peru, César Landa; do Uruguai, Francisco Bustillo; da Guatemala, Mario Búcaro; do Paraguai, Euclides Acevedo; e do Equador, Juan Carlos Holguín.
Os Estados Unidos estão preocupados com o que consideram um "avanço" da Rússia nas Américas, particularmente com "desinformação" e "ataques cibernéticos".
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