GUERRA

Confira antes e depois de Mariupol, cidade devastada pelos russos: ‘1,2 mil mortos’

O local tem sido alvo dos russos há dias por ser uma ponte segura para a Crimeia, território conquistado pelos russos em 2014 e que ajudaria na maior movimentação dos militares

Talita de Souza
postado em 09/03/2022 20:25
Imagem de satélite mostra destruição completa de um shopping e um supermercado em Mariupol, Ucrânia -  (crédito: Maxar Technologies)
Imagem de satélite mostra destruição completa de um shopping e um supermercado em Mariupol, Ucrânia - (crédito: Maxar Technologies)

A cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, vive uma situação “apocalíptica”, de acordo com o ministro das Relações Exteriores do país, Dmytro Kuleba. Os militares russos isolaram o município, cortaram os sinais telefônicos e impediram o abastecimento do local. Os moradores vivem momentos de tensão: em um cenário desastroso, saqueiam supermercados atrás de alimentos, bebem água da neve derretida encontrada em telhados e tentam se proteger dos novos bombardeios.

De acordo com a prefeitura da cidade, 1.207 civis morreram em nove dias de cerco dos militares. “Nove dias. Nove dias de bloqueio de Mariupol (...) Nove dias - 1.207 civis mortos. Nove dias de genocídio da população civil”, diz a mensagem compartilhada pelo canal oficial da prefeitura no Telegram. A imprensa local reporta notícias que afirmam que há cadáveres pelas ruas.

Em imagens de satélite coletadas pela empresa norte-americana Maxar Technologies, nesta quarta-feira (9/3), é possível observar a destruição da cidade. Bairros inteiros de construções vieram ao chão e locais de venda de suplementos, como shoppings e mercados foram atingidos.

A empresa também resgatou a visão de um bairro familiar antes dos ataques. O que sobrou após os bombardeios foi um grande cemitério de concreto. Veja:

Em imagens obtidas pela Maxar, é possível ver o antes e depois de um bairro residencial
Em imagens obtidas pela Maxar, é possível ver o antes e depois de um bairro residencial (foto: Maxar Technologies)

Além disso, o governo ucraniano tem falhado em negociar com as tropas russas para evacuar o local ou entregar mantimentos. Com isso, a Ucrânia acusou os russos de “manter 400 mil pessoas reféns”.

“A Rússia continua mantendo reféns mais de 400 mil pessoas em Mariupol, bloqueia ajuda humanitária e uma evacuação. O bombardeio indiscriminado continua”, declarou Kuleba. O local tem sido alvo dos russos há dias por ser uma ponte segura para a Crimeia, território conquistado pelos russos em 2014 e que ajudaria na maior movimentação dos militares.

Na semana passada, Rússia e Ucrânia concordaram em estabelecer “corredores de evacuação”, locais seguros a serem utilizados pelos ucranianos para resgatar pessoas ou enviar mantimentos para os locais destruídos.

Na terça-feira (8/3), em uma tentativa de evacuar alguns civis e entregar mantimentos para outros de Mariupol, a Ucrânia foi atacada pelos russos — afirma o governo do país. De acordo com as informações oficiais, o comboio da nação dirigida por Zelenskyy foi bombardeado por forças russas.

Além da falta de serviço telefônico e água potável, Mariupol não está com sistema de esgoto em funcionamento e nem aquecimento. Não há fornecimento de remédios em farmácias normais e a imprensa ucraniana relata que há roubo até mesmo de roupas.

Cidade também sofreu bombardeio de hospital infantil nesta quarta (9/3)

O governo da Ucrânia denunciou, nesta quarta-feira (9/3), um bombardeio feito pelos militares russos contra um hospital pediátrico em Mariupol. De acordo com um membro do governo do país, Pavlo Kirilenko, 17 adultos ficaram feridos, todos funcionários do hospital. As crianças, público-alvo do local, não foram atingidas e não há registro de óbitos.

No entanto, o local foi severamente comprometido. Em um vídeo publicado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, é possível ver diversos cômodos destruídos, soterrados em restos de concreto. Veja:

Zelensky condenou o ataque e pediu uma ação efetiva de países aliados, além de solicitar, mais uma vez, uma zona de exclusão aérea na Ucrânia. O mandatário solicita à Aliança do Tratado do Atlântico Norte (Otan) o fechamento do céu russo, atitude que proíbe o voo de aviões sem autorização. Caso a zona seja invadida, os 30 países da organização e o próprio país poderão abater as aeronaves, nesse caso, que integram as tropas russas.

Em um discurso duro, Zelenskyy diz que os países têm poder, “mas parecem estar perdendo a humanidade”. “Ataque direto de tropas russas na maternidade. Pessoas, crianças estão sob os destroços. Atrocidade! Por quanto tempo mais o mundo será um cúmplice ignorando o terror? Feche o céu agora mesmo! Pare com os assassinatos! Você tem poder, mas parece estar perdendo a humanidade”, declarou.

  • Bombardeio destrói hospital pediátrico em Mariupol, na Ucrânia
    Bombardeio destrói hospital pediátrico em Mariupol, na Ucrânia Gabinete do Chefe da Defesa/Twitter
  • Civis que estavam em hospital pediátrico são evacuados após bombardeio
    Civis que estavam em hospital pediátrico são evacuados após bombardeio Gabinete do Chefe da Defesa/Twitter
  • A man carries his child away from the damaged by shelling maternity hospital in Mariupol, Ukraine, Wednesday, March 9, 2022. A Russian attack has severely damaged a maternity hospital in the besieged port city of Mariupol, Ukrainian officials say. (AP Photo/Evgeniy Maloletka)
    A man carries his child away from the damaged by shelling maternity hospital in Mariupol, Ukraine, Wednesday, March 9, 2022. A Russian attack has severely damaged a maternity hospital in the besieged port city of Mariupol, Ukrainian officials say. (AP Photo/Evgeniy Maloletka) AP Photo/Evgeniy Maloletka

 

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