Destroços do navio Endurance, do explorador Ernest Shackleton, foram encontrados 107 anos após o naufrágio. A embarcação que foi esmagada por gelo antártico e afundou a cerca de 10 mil pés (3 mil metros) foi encontrada por cientistas no último fim de semana nas profundezas da Antártida.
A descoberta foi anunciada nesta quarta-feira, 9, em um comunicado da expedição de busca, a Endurance22. As filmagens mostravam o navio em condições notavelmente boas, com seu nome claramente visível na popa.
Tentativas anteriores de localizar os destroços do navio de madeira com 44 metros e três mastros, cuja localização foi registrada por seu capitão Frank Worsley, falharam devido às condições hostis do Mar de Weddell, na Antártida, coberto de gelo.
No entanto, a missão Endurance22, organizada pelas Malvinas Maritime Heritage Trust, usando veículos subaquáticos avançados equipados com câmeras de alta definição e scanners, rastreou os restos mortais da embarcação. "Estamos maravilhados por nossa boa sorte...", disse Mensun Bound, diretor de Exploração da expedição.
"Esta é de longe a melhor conservação de um naufrágio de madeira que eu já vi. Está na vertical, intacto e em brilhante estado de conservação", reforçou o arqueólogo marinho. "Você pode até ver o Endurance na popa", completou.
Iniciada em fevereiro deste ano, a expedição - liderada pelo explorador polar britânico John Shears, operada a partir do navio quebra-gelo sul-africano Agulhas II - descobriu que o Endurance estava a quatro milhas (seis quilômetros) da posição registrada, em 1915, por seu capitão, Frank Worsley.
História
O veleiro de três mastros se perdeu em 1915 durante a tentativa fracassada de Shackleton de fazer a primeira travessia da Antártida. Shackleton tentou cruzar o continente, em uma travessia de 2.900 quilômetros através do continente gelado, do Mar de Weddell ao Mar de Roos, passando pelo Polo Sul. O barco ficou encalhado por meses, foi perfurado pelo gelo e depois afundou.
Apesar de encalhado no gelo, a tripulação de 28 homens do Endurance voltou para casa viva, sendo considerada uma das grandes histórias de sobrevivência da história humana. Os tripulantes caminharam pelo gelo marinho, vivendo de focas e pinguins, antes de zarparem em três botes salva-vidas e chegarem a uma ilha desabitada.
De lá, Shackleton e alguns tripulantes remaram cerca de 800 milhas (1.300 quilômetros) no bote salva-vidas James Caird até as ilhas Geórgia do Sul, no Atlântico Sul, onde encontraram ajuda em uma estação baleeira.
Na quarta tentativa de resgate, Shackleton conseguiu retornar para buscar o restante da tripulação na Ilha Elefante em agosto de 1916, dois anos depois da sua expedição transantártica imperial ter deixado Londres. (Com agências internacionais).
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