O presidente russo, Vladimir Putin, assinou, ontem, lei que prevê penas severas de prisão e multa para quem publicar "informações falsas" sobre as Forças Armadas e a guerra na Ucrânia. A divulgação de informações que possam "desacreditar" o Exército russo pode render aos autores até 15 anos de cadeia.
Também enfrentará a Justiça quem pedir "sanções contra a Rússia", que vive um estrangulamento econômico por parte do Ocidente.
Em outra frente de batalha contra os meios de comunicação, o órgão regulador do setor na Rússia, o Roskomnadzor, bloqueou o acesso da população ao Facebook e "restringiu" o acesso ao Twitter. "Milhões de russos comuns, em breve, serão privados de informações confiáveis e silenciados de falar", disse Nick Clegg, vice-presidente da Meta, matriz do Facebook.
Para controlar ainda mais as informações que a população russa recebe sobre o conflito, as autoridades aumentaram a pressão sobre os poucos meios de comunicação independentes que continuaram trabalhando no país.
O Roskomnadzor limitou o acesso aos sites da edição em russo das emissoras BBC, do Reino Unido, e da alemã Deutsche Welle, bem como ao portal independente Meduza e à rádio Svoboda, financiada pelo Congresso dos EUA. A BBC decidiu retirar seus jornalistas da Rússia.
No dia anterior, a emblemática estação de rádio Ecos de Moscou anunciou a dissolução da emissora por causa da pressão do governo russo. A rede de televisão de oposição Dojd também suspendeu as atividades. The Village, agenda cultural de referência em Moscou, decidiu fechar o escritório na capital russa e transferir-se para Varsóvia, na Polônia.
De acordo com um observatório de direitos humanos na Rússia, OVD-Info, mais de 8 mil pessoas foram presas no país desde que a guerra começou, por terem se manifestado contra a invasão.
O presidente da Duma (parlamento da Rússia), Vyacheslav Volodin, culpou as redes sociais com sede nos EUA de serem "usadas como armas" para espalhar "ódio e mentiras". Algo que "devemos nos opor", explicou. O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse que não é hora de divisão, "é hora de nos unir em torno de nosso presidente".
Culpar os ucranianos pela guerra tem sido uma estratégia de Putin voltada para o público interno. Sobre o ataque à maior usina nuclear da Europa, na quinta-feira, o Kremlin divulga que foi um ato de sabotagem da Ucrânia.
Um canal russo veiculou reportagem em que diz que foram os próprios ucranianos que destruíram o maior avião do mundo, o Antonov-225 Mriya, destruído no aeroporto de Hostomel, próximo a Kiev, no terceiro dia do conflito.
Aliás, a imprensa russa está proibida de usar a palavra "guerra". Para o governo Putin, o que há é uma operação especial para "desmilitarizar" e desnazificar" a Ucrânia.
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