GUERRA NA EUROPA

BBC suspende jornalismo na Rússia após país prever prisão a quem "desacreditar" exército

Diretor-geral da emissora, disse que não queria "expor seus jornalistas ao risco de processos criminais simplesmente por fazerem seu trabalho"

Cecília Sóter
postado em 04/03/2022 17:39 / atualizado em 04/03/2022 17:39
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

A empresa de comunicação pública britânica BBC anunciou, nesta sexta-feira (4/3), que suspendeu a cobertura jornalistica dentro da Rússia. O anúncio foi feito após o parlamento de Moscou apresentar uma legislação que prevê penas severas para a publicação de "informações falsas" sobre a invasão da Ucrânia.

Os deputados aprovaram por unanimidade uma emenda que prevê punição de até 15 anos de prisão para notícias que busquem "desacreditar" as Forças Armadas, abrindo caminho para a aprovação de um texto que pune severamente quem publica "informações falsas" sobre o Exército.

"Esta legislação parece criminalizar o processo de jornalismo independente. Ela nos deixa sem escolha a não ser suspender temporariamente o trabalho de todos os jornalistas da BBC News e sua equipe de apoio na Federação Russa enquanto avaliamos todas as implicações", explicou o diretor-geral da emissora, Tim Davie.

Davie disse que não queria "expor seus jornalistas ao risco de processos criminais simplesmente por fazerem seu trabalho". Contudo, "nosso serviço de notícias da BBC em russo continuará operando de fora da Rússia", disse ele.

Comprometidos em "tornar informações precisas e independentes para o mundo inteiro, incluindo os milhões de russos que usam nossos serviços de notícias", seus jornalistas "na Ucrânia e em todo o mundo continuarão a relatar a invasão da Ucrânia", acrescentou.

A audiência do portal de notícias em russo da emissora mais que triplicou desde o início da invasão, para uma média de 10,7 milhões de visitas por semana, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em contrapartida, o número de visitantes na Rússia do portal em inglês bbc.com subiu 252%, chegando a 423.000 na semana passada.

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