O Serviço Federal de Supervisão de Comunicações, Tecnologia da Informação e Comunicações de Massa da Rússia, o Roskomnadzor, anunciou, nesta sexta-feira (4/3), o bloqueio da rede Facebook, da Meta, no país. Em comunicado oficial, a agência reguladora diz que a plataforma de Mark Zuckerberg tomou atitudes que violaram "princípios-chave do livre fluxo de informações".
Os russos afirmam que desde outubro de 2020, a plataforma cometeu "26 casos de discriminação contra a a mídia russa", atitude que, segundo a agência, piorou nos últimos dias. As contas dos veículos de comunicação TV Zvezda, RIA Novosti, Sputnik, Russia Today, Lenta.ru e Gazeta.ru foram restringidas no país pela Meta.
A agência diz que as restrições são proibidas por lei federal, que prevê sanções “sobre medidas para influenciar pessoas envolvidas em violações de direitos humanos e liberdades fundamentais, e de direitos e liberdades dos cidadãos da Federação Russa.
O bloqueio, de acordo com o país, serve para “evitar violações dos princípios-chave do livre fluxo de informações e do acesso irrestrito dos usuários russos à mídia russa em plataformas estrangeiras da internet”.
O que diz o Facebook
O presidente de assuntos globais da Meta, Nick Clegg, lamentou o bloqueio e afirmou que a empresa continuará "a fazer tudo o que pudermos" para restaurar os serviços. Ele também disse que a restrição poderá deixar, "em breve", que "milhões de russos sejam isolados de informações confiáveis".
"Em breve, milhões de russos se verão isolados de informações confiáveis, privados de suas formas cotidianas de se conectar com familiares e amigos, e silenciados de falar. Continuaremos a fazer tudo o que pudermos para restaurar nossos serviços para que permaneçam disponíveis para as pessoas se expressarem com segurança e se organizarem para a ação", declarou em nota pública.
Agência independente acusa Rússia de limitar ‘a verdade’ para os usuários russos
A agência de notícias independente Radio Free Europe/Radio Liberty (RFE/RL) denunciou, no site internacional que mantém, o bloqueio ao Facebook (além do site russo do veículo). Para a agência, a ação faz parte de uma série de restrições impostas pelo governo de Putin para limitar o acesso de russos a informações "verdadeiras".
“Putin está alimentando os russos com uma dieta constante de mentiras sobre o alcance e os custos da guerra na Ucrânia”, declarou o presidente da RFE/RL, Jamie Fly. “Eles merecem a verdade e continuaremos a fornecer a eles informações factuais sobre as ações de seu governo e as consequências que devem sofrer agora”, acrescentou.
O veículo afirma que tem trabalhado para publicar as notícias “em outros meios”, visto que o site da agência também foi bloqueado para os russos. Em contato com outras iniciativas jornalísticas independentes, a RFE/RL descobriu que o bloqueio também as atingiu.
O impedimento, de acordo com a agência, “foi feito como uma forma de ameaça”. “Os escritórios editoriais do serviço russo da RFE/RL receberam seis notificações do Roskomnadzor (agência reguladora russa) no fim de 2 de março, nas quais a agência russa de monitoramento de mídia ameaçou bloquear o site do serviço em meio à cobertura contínua do conflito na Ucrânia”, declararam.
“O regulador disse que os materiais ‘forneciam informações deliberadamente falsas e socialmente significativas sobre o suposto ataque da Rússia ao território da Ucrânia’ de maneiras que poderiam ‘criar pânico entre as pessoas’”, acrescentaram.
A RFE/RL também revelou que o Twitter e as lojas de aplicativos da Apple e do Google, além dos sites russos da BBC foram derrubados durante a noite de quinta (3/3) e sexta-feira (4/3).
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