A maior central nuclear da Europa, a Usina de Zaporizhzhia, no Sul da Ucrânia, foi alvo de bombardeios no início da noite de ontem. O ataque atingiu algumas unidades da planta, que pegaram fogo, mas não há informações de danos ao reator nuclear.
"Após bombardeio das forças russas à central nuclear de Zaporizhzhia, foi constatado um incêndio", disse o porta-voz da usina, Andrei Tuz, em vídeo postado na conta da termogeradora no Telegram. "Os bombeiros não podem chegar ao local do incêndio. Os projéteis caem muito perto. A primeira unidade elétrica da central já foi afetada. Pare com isso!", exigiu.
Assim que soube do ataque, o chanceler da Ucrânia, Dmytro Kuleba, pediu um cessar-fogo. "Se explodir, será 10 vezes maior do que Chernobyl! Os russos têm que conter o fogo imediatamente, permitir que os bombeiros estabeleçam um perímetro de segurança", tuitou Kuleba.
A Ucrânia já havia informado à Agência Internacional da Energia Atômica (AIEA), horas antes do ataque, que tanques e tropas de infantaria russos estavam muito próximos da cidade de Energodar, a poucos quilômetros da central. Inaugurada em 1985, Zaporizhzhia têm seis reatores e fornece grande parte da energia do país.
Em comunicado, o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, pediu a suspensão imediata dos ataques em Energodar e perto da central. Ele destacou que a agência continua ajudando Kiev e outros atores para garantir a segurança das quatro instalações nucleares da Ucrânia, que somam 15 reatores.
Em 24 de fevereiro, os russos tomaram a antiga central de Chernobyl, local do pior acidente nuclear da História, que agora está sob o controle das tropas russas.
Quando a notícia chegou na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, conversou com seu colega ucraniano, Volodimir Zelensky, para ter mais informações sobre a situação da usina nuclear.
Bloqueio da costa
As Forças Armadas da Rússia também tentam bloquear integralmente o acesso ucraniano ao Mar de Azov, no Sudeste do país. As tropas que avançam da Península da Crimeia - anexada por Moscou em 2014 — têm agora como alvo a cidade portuária de Mariupol, último bastião de resistência no trecho do litoral entre a Crimeia e a região separatista do Donbass, já controlada pelos russos.
Em Chernigov, no Norte, pelo menos 33 pessoas morreram em um bombardeio russo contra áreas residenciais, inclusive escolas, de acordo com os serviços de emergência da cidade. As equipes de socorro humanitário divulgaram imagens da área atingida, nas quais fumaça podia ser vista subindo dos apartamentos destruídos. Há muitos escombros e socorristas transportando corpos.
Em Dnipro, no Centro-Leste, um grupo de voluntários se prepara para enfrentar o invasor enchendo sacos de areia e juntando garrafas para fazer coquetéis molotov. Centro industrial, a cidade é uma das poucas que ainda não foram atacadas. Os moradores estão montando uma milícia para esperar a chegada dos russos. Um grupo de voluntários se dedica a triturar poliestireno em pó, substância usada na fabricação das bombas incendiárias caseiras.
Diferentemente de quarta-feira, marcada por intensos bombardeios, ontem, em Kiev (capital) e em Kharkiv (segunda maior cidade), o dia foi de aparente calmaria. Na capital, a gigantesca coluna de blindados, com mais de 60km de extensão - flagrada por satélites -, pouco se moveu. O assalto a Kiev parece paralisado neste momento, segundo fontes do governo dos Estados Unidos.
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