"O povo ucraniano está pedindo desesperadamente que o Ocidente proteja nosso céu. Estamos pedindo uma zona de exclusão aérea."
Este foi o pedido emocionado de uma mulher ucraniana que confrontou o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, em uma entrevista coletiva na terça-feira (1/3).
"Mulheres ucranianas e crianças ucranianas estão com muito medo por causa das bombas e mísseis que estão caindo do céu", disse Daria Kaleniuk.
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Mas apesar dos ataques russos atingirem áreas residenciais da Ucrânia, com número crescente de mortes de civis, há poucos sinais de que países europeus e os EUA implementarão uma zona de exclusão aérea.
Mas por quê?
O que são zonas de exclusão aérea?
Uma zona de exclusão aérea refere-se a qualquer região do espaço aéreo onde foi estabelecido que certas aeronaves não podem voar.
O recurso pode ser usado para proteger áreas sensíveis, como residências de realezas, ou implementado temporariamente para grandes eventos em massa, como jogos esportivos.
Em um contexto militar, uma zona de exclusão aérea é decretada para impedir que aeronaves entrem no espaço aéreo proibido, geralmente para evitar ataques ou vigilância de uma região.
A zona de exclusão aérea precisa ser controlada por meios militares.
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Isso pode significar vigilância, ataques preventivos contra sistemas defensivos ou até mesmo derrubando aeronaves que entram na área restrita.
Uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia significaria que as forças militares — especificamente as forças da Otan — se envolveriam diretamente com qualquer avião russo avistado nos céus e o atacariam, caso fosse necessário.
Por que a Otan não decreta zona de exclusão aérea na Ucrânia?
Um confronto direto entre as forças da Otan e aeronaves ou equipamentos russos provocaria uma rápida escalada na guerra.
"Você não pode apenas dizer 'isso é uma zona de exclusão aérea'. Você tem que impor uma zona de exclusão aérea", disse o ex-general da Força Aérea dos EUA Philip Breedlove à revista Foreign Policy.
O general, que serviu como comandante da Otan de 2013 a 2016, disse que, embora apoie os pedidos de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, essa é uma decisão muito séria a ser tomada.
"É equivalente a declarar guerra. Se vamos declarar uma zona de exclusão aérea, temos que acabar com a capacidade do inimigo de atacar e afetar nossa zona de exclusão aérea."
O deputado britânico Tobias Ellwood, que preside o Comitê de Defesa, apoiou a ideia de uma zona de exclusão aérea parcial ou total, pedindo a intervenção da Otan na Ucrânia devido a mortes de civis e supostos crimes de guerra.
Mas o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, descartou o envolvimento da organização, dizendo à rede americana NBC na segunda-feira: "Não temos intenção de entrar na Ucrânia, seja por terra ou pelo ar".
O secretário de Defesa do Reino Unido, Ben Wallace, deixou claro que o país não defenderia uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia porque o combate a aviões russos desencadearia uma "guerra em toda a Europa".
Em entrevista à BBC, ele disse: "Eu não vou desencadear uma guerra europeia, mas o que vou fazer é ajudar a Ucrânia a lutar em todas as ruas com todos os equipamentos que pudermos fazer chegar até eles, e nós os apoiaremos".
Os EUA também a descartaram implementar uma zona de exclusão aérea, alegando motivos semelhantes.
O risco de qualquer escalada em um conflito com a Rússia é o envolvimento das armas nucleares. Esse temor aumentou após o anúncio do presidente russo, Vladimir Putin, de que havia colocado as forças nucleares russas em alerta "especial".
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Muitos interpretaram a atitude de Putin como apenas um alerta público, em vez de uma intenção real de usar armas nucleares.
Mas mesmo o menor indício de que uma guerra mundial que poderia virar uma guerra nuclear significa que, apesar das terríveis cenas de civis sob ataque, a probabilidade de haver uma zona de exclusão aérea na Ucrânia é quase nula.
As zonas de exclusão aérea foram usadas antes?
Depois da primeira Guerra do Golfo em 1991, os EUA e seus parceiros da coalizão estabeleceram duas zonas de exclusão aérea no Iraque para evitar ataques contra alguns grupos étnicos e religiosos. Isso foi feito sem o apoio da ONU.
Em 1992, durante o conflito nos Balcãs, a ONU aprovou uma resolução que proibia voos militares não autorizados no espaço aéreo da Bósnia.
O Conselho de Segurança da ONU também aprovou uma zona de exclusão aérea como parte da intervenção militar de 2011 na Líbia.
As zonas da Bósnia e da Líbia foram monitoradas pelas forças da Otan.
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