“Viemos para treinar, fomos enganados e é por isso que estou aqui”. A frase faz parte do desabafo de um soldado russo aos familiares após ser detido pelas forças ucranianas. Em vídeos creditados ao Serviço Secreto da Ucrânia (SBU, em inglês), é possível ver agentes russos chorarem enquanto conversam no telefone com a família.
“Eles nos mandaram para a morte, todo mundo matou todo mundo”, disse outro prisioneiro de guerra russo no vídeo. Nos registros, os soldados também são entrevistados pelos ucranianos e compartilharam as ordens que receberam quando deixaram o país. De acordo com eles, a ideia era “treinar” e não ir para a guerra.
“No início, nos disseram que iríamos treinar. Eventualmente, depois que fomos enviados para a linha de frente, todos ficaram desmoralizados. Ninguém queria lutar, mas nos disseram que seríamos inimigos do estado e, como é tempo de guerra, poderíamos até levar um tiro”, acrescentou outro militar.
O homem também afirmou que a unidade com quem ele lutava não “queria esta guerra”, “só querem ir para casa e querem paz”.
Um dos militares, que sofreu ferimentos no rosto e no corpo, disse, ao ser entrevistado pelas forças ucranianas, que “mães e esposas deveriam impedir os maridos de irem para a guerra”. “Esta não é a nossa guerra. Não há necessidade de estar aqui”, completou.
Os soldados russos capturados são, teoricamente, protegidos pelo artigo 13 da Convenção de Genebra, que define que os prisioneiros de guerra devem ser “protegidos, particularmente contra atos de violência ou intimidação e contra insultos”.
Nesta quarta-feira (2/3), o Ministério da Defesa ucraniano decidiu liberar os prisioneiros, contanto que as mães deles vão até a Ucrânia buscá-los. “Foi decidido entregar os soldados russos capturados às suas mães, se elas vierem buscá-los na Ucrânia, em Kiev", diz o comunicado divulgado pela pasta.
O órgão afirma que as mães serão “recebidas e levadas para onde seus filhos serão devolvidos”. A Defesa ainda alfinetou o presidente russo, Vladimir Putin, no fim do anúncio. “Ao contrário dos fascistas de Putin, nós, ucranianos, não estamos travando uma guerra contra as mães e seus filhos capturados”, escreveram.
Gravações obtidas por empresa de segurança revelam caos em acampamentos russos
A empresa de inteligência britânica ShadowBreak Intl interceptou gravações de mensagens móveis e de rádio das tropas russas. Nelas, é possível ver o que a empresa considerou como “uma baixa moral” entre os soldados.
“Ouvimos [soldados russos] chorando em combate e se insultarem — obviamente não é um sinal de grande moral. Houve um caso em que eles atiraram um no outro, houve um exemplo em que eles tiveram que transportar cadáveres de volta para suas bases operacionais avançadas”, descreve o fundador da ShadowBreak, Samuel Cardillo, ao jornal britânico Mirror.
Samuel também criticou o sistema de comunicação russa. Para ele, é um alvo fácil para quem quiser ouvir as informações circuladas nas tropas enviadas por Putin. “É basicamente como acessar uma frequência policial nos EUA”, define o empresário.
“Os russos estão basicamente transmitindo analogicamente. Então, quando eles solicitam apoio aéreo, ou qualquer tipo de apoio, você escuta tudo o que há em volta”, detalha Samuel. O empresário afirma que recebeu várias gravações de cidadãos comuns que interceptaram a comunicação.
Saiba Mais
- Mundo Prédio é atingido por míssil enquanto voluntário gravava vídeo na Ucrânia
- Mundo G7 tenta impedir que Rússia contorne sanções usando criptomoedas
- Mundo UE prepara novo pacote de sanções contra Rússia, diz diplomata ucraniano
- Mundo Rússia diz que 498 soldados russos morreram; Ucrânia diz serem 7 mil
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.