A Rússia intensificou os ataques contra cidades-chave da Ucrânia no sétimo dia de invasão ao país.
A Rússia disse ter assumido o controle da cidade portuária de Kherson, no sul, embora seu prefeito diga que as forças ucranianas ainda estão resistindo.
Caso a vitória russa se confirme, esta seria a maior cidade do país a ser capturada por Moscou até agora. Cerca de 250 mil pessoas vivem em Kherson.
No sudeste, na cidade de Mariupol, na fronteira com a Rússia, há relatos de que ataques podem ter deixado muitas vítimas.
O vice-prefeito da cidade, Sergiy Orlov, disse que um distrito de Mariupol foi "quase totalmente destruído".
"Não podemos contar o número de vítimas, mas acreditamos que pelo menos centenas de pessoas estão mortas. Não podemos entrar para recuperar os corpos", disse Orlov à BBC por telefone.
O prefeito da cidade, Vadym Boychenko, disse que dezenas de civis foram mortos nos últimos bombardeios e acusou as tropas de Moscou de impedirem a evacuação de civis.
"Um genocídio em grande escala do povo ucraniano está em andamento", disse BoychenkoMariupol fica em uma localização estratégica, separando as forças russas na península anexada da Crimeia das tropas separatistas no leste da Ucrânia.
Os russos já conquistaram a cidade portuária de Berdyansk e Melitopol.
Em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, localizada no nordeste do país, paraquedistas russos teriam pousado e estariam lutando com soldados ucranianos para tomar a mesma.
Há relatos ainda de que Kharkiv foi alvo de um ataque com foguetes, que teria atingido o prédio do departamento regional de polícia e parte da Universidade Karazin.
Pelo menos 21 pessoas morreram e 112 ficaram feridas em bombardeios em Kharkiv até agora, segundo o prefeito da cidade.
Os moradores de Kiev, a capital do país, tiveram uma noite relativamente calma, embora as sirenes de ataque aéreo tenham disparado novamente.
A capital permanece nas mãos da Ucrânia, mas vem sendo alvo de ataques. Na véspera, mísseis russos atingiram uma torre de TV, matando cinco pessoas e deixando outras cinco feridas. As transmissões foram brevemente interrompidas.
Um enorme comboio militar russo, de 64 km de extensão, também avança lentamente em direção à cidade. Houve pouco deslocamento durante esta madrugada, e o comboio está agora a cerca de 25 km da capital, no norte do país.
Confira a seguir os acontecimentos mais recentes e importantes da guerra.
Ucrânia diz que guerra matou mais de 2 mil civis até agora
Autoridades ucranianas disseram que mais de 2 mil civis foram mortos até agora na invasão da Rússia.
Dez socorristas também foram mortos, informou o Serviço de Emergências.
Equipes de resgate apagaram mais de 400 incêndios que eclodiram após bombardeios russos em todo o país e desarmaram 416 explosivos.
Nova rodada de negociações
Uma segunda rodada de negociações entre representantes dos governos russo e ucraniano deve ocorrer em breve.
Os dois lados se encontraram na segunda-feira, mas não houve avanços.
Uma delegação russa está se dirigindo a um ponto de encontro para negociações, de acordo com a agência de notícias Belta da Bielorrússia.
Não foi dito onde ou quando as discussões ocorreriam.
Mais cedo, a agência de notícias estatal russa Tass informou que o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que a Rússia tinha uma delegação pronta para continuar as negociações.
E o conselheiro presidencial ucraniano Olexiy Arestovych disse anteriormente à Suspilne TV que as negociações ocorreriam.
Mas ele afirmou: "Acho que as coisas vão continuar as mesmas. Nada vai mudar. Vamos manter nossa posição".
ONU aprova resolução em reunião de emergência
A sessão da Assembleia-Geral da ONU, convocada pelo Conselho de Segurança da entidade, aprovou nesta quarta-feira uma resolução condenando a invasão russa da Ucrânia e pedindo a retirada das tropas.
O encontro, que começou na segunda-feira, reúne os 193 países-membros.
O texto foi aprovado por 141 votos - entre eles, o do Brasil. Outros cinco países foram contrários e 35 se abstiveram de votar.
A resolução tem valor mais simbólico, já que as medidas previstas por ela não serão vinculativas.
Esta é apenas a 11ª sessão especial de emergência da Assembleia Geral da ONU desde a primeira, em 1956. A natureza rara desta reunião ressalta a enorme preocupação em torno desta crise.
Petróleo atinge US$ 113 o barril
À medida que os combates continuam na Ucrânia, o conflito segue impulsionando os preços do petróleo — apesar das novas medidas destinadas a acalmar os mercados.
O petróleo do tipo Brent — referência internacional para os preços do petróleo — atingiu US$ 113 (cerca de R$ 580) o barril, registrando o nível mais alto desde junho de 2014.
O preço subiu mesmo depois que os membros da Agência Internacional de Energia concordaram em liberar 60 milhões de barris de petróleo das reservas de emergência.
A Rússia é um dos maiores produtores de energia do mundo, e os investidores estão preocupados que o fornecimento de petróleo ou gás possa ser afetado.
Prefeito de Kiev: 'Civis estão pegando em armas. Estamos orgulhosos'
O prefeito de Kiev diz estar orgulhoso das pessoas que ficaram na cidade para defendê-la das forças russas.
Vitali Klitschko e seu irmão Wladimir - ambos pugilistas de renome internacional - falaram com a BBC de Kiev.
Vitali disse ter visto uma fila de "horas" de civis fazendo fila para pegar armas e se juntar à luta.
Ele disse que o patriotismo das pessoas o surpreendeu - de médicos a atores, as pessoas estão pegando em armas.
"Neste momento, as pessoas estão orgulhosas", diz ele.
Quando perguntado se os irmãos vão ficar na cidade para lutar, Wladimir disse: "Esta é a nossa casa. Nossos pais [estão] enterrados aqui, [nossos] filhos vão para a escola aqui. Por que devemos fugir? O que você faria se alguém entra na sua casa? Você a defende".
Wladimir também instou a comunidade internacional a dar mais apoio à Ucrânia. Ele disse que há uma "enorme demanda" por comida e água e, embora alguma ajuda esteja começando a chegar, "absolutamente não é suficiente".
Ucranianos aprendem a fazer coquetéis molotov
Neste momento, em toda a Ucrânia, cidadãos comuns estão aprendendo a fazer e usar coquetéis molotov.
Em Zhytomyr, uma cidade a oeste de Kiev, um grupo de homens e mulheres recebeu treinamento sobre como acender e lançar coquetéis molotov em alvos militares russos.
Em Kiev, moradores da cidade estão fazendo milhares de coquetéis molotov nas ruas para se preparar para o ataque russo à cidade por terra.
Pentágono: 'Forças russas avançam mais lentamente do que planejado'
Autoridades de Defesa dos Estados Unidos disseram na terça-feira que a operação da Rússia avançou muito mais lentamente do que o planejado e, agora, enfrenta escassez de suprimentos.
"Eles estão ficando literalmente sem combustível e começando a ficar sem comida para suas tropas", disse um funcionário à agência de notícias AFP.
O funcionário também disse que há sinais de problemas na moral da força russa, que conta com um grande número de soldados recrutados.
"Nem todos eles estavam aparentemente totalmente treinados e preparados, ou mesmo cientes de que seriam enviados para uma operação de combate."
O Pentágono disse que as forças russas ainda não assumiram o controle dos céus da Ucrânia depois de seis dias, nem atingiram alvos importantes.
Biden: 'Quando ditadores não pagam um preço, causam mais caos'
O presidente americano, Joe Biden, dedicou parte do seu discurso anual do Estado da União para falar da crise na Ucrânia na terça-feira.
"Seis dias atrás, o russo Vladimir Putin procurou abalar as fundações do mundo livre, pensando que poderia fazê-lo se curvar aos seus modos ameaçadores", disse ele."Mas ele calculou muito mal."
Ele disse que o povo ucraniano demonstrou uma "força nunca imaginada" e elogiou Zelensky e os cidadãos do país por "sua coragem, sua determinação, [que] inspira o mundo".
Biden disse que os Estados Unidos e a aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) mostraram que o Ocidente está ao lado da Ucrânia.
Ele diz que a história mostrou que, "quando os ditadores não pagam um preço por sua agressão, eles causam mais caos".
Repreendendo o ataque "premeditado e não provocado" da Rússia, Biden elogiou a coalizão de "nações amantes da liberdade" que se uniram aos Estados Unidos.
"Putin estava errado. Estávamos prontos", diz ele.
Biden disse que Putin "é o único culpado" pela invasão ucraniana e prometeu que o líder russo "pagará um alto preço contínuo a longo prazo".
O regime de Putin é sustentado por oligarcas e outros funcionários corruptos "que roubaram bilhões de dólares desse regime violento", acrescentou, prometendo trabalhar com aliados europeus para apreender iates, jatos e outros itens de luxo russos.
"Nós estamos indo atrás dos seus ganhos ilegítimos", disse ele.
Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) já divulgaram listas de oligarcas contra os quais foram aplicadas sanções.
Biden ainda confirmou que seu governo está bloqueando todos os voos russos - comerciais e privados - de operar no espaço aéreo americano. A medida segue ações semelhantes impostas por nações europeias e Canadá.
Biden diz que a proibição isolará ainda mais a Rússia e colocará mais pressão em sua economia.
Ele observa que o rublo russo e o mercado de ações já perderam 30% e 40% de seu valor, respectivamente.
O presidente americano pediu aos americanos "que se inspirem na vontade de ferro do povo ucraniano".
"Putin pode cercar Kiev com tanques, mas nunca conquistará os corações e as almas do povo ucraniano", disse ele.
Belarus não vai se juntar à invasão, disse Lushenko
O presidente da Belarus, Alexander Lukashenko, disse à mídia estatal que suas forças não se juntarão às tropas russas na invasão da Ucrânia, embora esteja aumentando o número de tropas na fronteira.
Lukashenko chamou a mobilização de "uma ação preventiva" que "impediria a penetração de radicais e armas [ucranianos] no país".
As nações ocidentais aplicaram sanções a Minsk pelo apoio da Bielorrússia a Moscou na crise da Ucrânia.
Lukashenko, que é um aliado do presidente russo, reforçou no entanto que o "Exército bielorrusso não está participando de uma ação militar, e nunca o fez".
"Podemos provar isso para qualquer um. Mais do que isso, a liderança russa nunca levantou essa questão conosco - nosso envolvimento no conflito armado. E não pretendemos participar dessa operação especial na Ucrânia no futuro. Não há necessidade disso."
Na segunda-feira (28/2), surgiram temores de que Lukashenko estava se preparando para enviar uma força militar para se juntar ao ataque.
Um porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ned Price, disse que a Rússia "zombou" da soberania da Belarus ao lançar sua invasão da Ucrânia a partir do território bielorrusso.
Mais de 660 mil ucranianos já fugiram do país
A agência de refugiados da ONU disse na terça-feira que mais de 660 mil pessoas - a maioria delas mulheres e crianças - deixaram a Ucrânia desde o início da guerra.
Shabia Mantoo, porta-voz da agência, disse que há relatos de pessoas esperando até 60 horas para entrar na Polônia, enquanto as filas na fronteira romena chegam a 20 km.
Esta estação de trem na cidade fronteiriça polonesa de Przemy?l tornou-se um refúgio seguro para milhares de pessoas que fogem do país:
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