Preços

Guerra na Ucrânia dispara preços de petróleo, gás, alumínio e níquel

Os preços dos dois barris de referência no mundo se situavam acima dos US$ 110 nesta quarta-feira, em meio às preocupações com o efeito das sanções sobre as exportações desta commodity por parte de Moscou

Agence France-Presse
postado em 02/03/2022 11:10
 (crédito: CHARLY TRIBALLEAU / AFP)
(crédito: CHARLY TRIBALLEAU / AFP)

Os preços do petróleo continuavam subindo, nesta quarta-feira (2), o gás natural e o alumínio alcançaram máximos históricos, e o níquel bateu seu recorde em uma década, impulsionados pela guerra na Ucrânia, que alimenta os temores de interrupção no abastecimento de energia e de matérias-primas.

Os preços dos dois barris de referência no mundo se situavam acima dos US$ 110 nesta quarta-feira, em meio às preocupações com o efeito das sanções sobre as exportações desta commodity por parte de Moscou. A Rússia é o terceiro maior produtor mundial.

Um barril de WTI era negociado a 5,53%, chegando a US$ 109,13, pouco depois de ter superado os US$ 110 pela primeira vez desde 2013. O Brent estava sendo cotado a US$ 111,31, às 12h05 GMT (9h05 em Brasília), um recorde desde 2014.

Já o preço europeu de referência para o gás natural, o TTF holandês, atingiu um recorde histórico de 194,715 euros por equivalente de megawatt-hora (MWh), e o preço do gás britânico era cotado muito próximo de seu máximo histórico de dezembro passado.

Apesar disparada dos preços pelo conflito na Ucrânia, os 23 países da Opep+ mantiveram sua política de um modesto aumento da produção de petróleo, conforme comunicado divulgado ao término de uma breve reunião realizada nesta quarta-feira.

Os representantes dos 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e de seus dez parceiros, entre eles a Rússia, com os quais formam o acordo Opep+, decidiram "ajustar para alta seu nível total de produção em 400.000 barris por dia para o mês de abril de 2022", detalhou a Opep, em um anúncio que não surpreendeu os analistas.

As forças russas continuavam sua ofensiva contra várias cidades ucranianas nesta quarta-feira, e uma reunião extraordinária presencial de ministros das Relações Exteriores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi convocada para esta sexta, na sede da aliança, em Bruxelas.

A invasão da Ucrânia por parte do governo russo de Vladimir Putin levou União Europeia e Estados Unidos a imporem duras sanções a Moscou, alimentando temores de que as exportações de energia russas sejam interrompidas.

A Rússia é o segundo maior exportador mundial de petróleo bruto e fornece mais de 40% das importações anuais de gás natural na União Europeia.

- Escassez de energia -


"A economia mundial enfrenta, atualmente, uma escassez de energia", diz Bjarne Schieldrop, analista da Seb.

"A guerra na Ucrânia está causando uma forte redução nas exportações de energia da Rússia, embora estejam isentas de sanções" por enquanto, acrescenta este analista.

"As transportadoras estão se abstendo de levar carregamentos de energia russos por medo de possíveis sanções e dos riscos de reputação que enfrentam", completou.

"O risco agora é que o Ocidente se veja submetido a uma pressão cada vez maior para sancionar as exportações russas de petróleo e gás", observou Neil Wilson, analista da Markets.com, um cenário que elevaria ainda mais os preços da energia.

O conflito russo-ucraniano ocorre em um momento em que os preços do petróleo bruto já se encontravam em tendência de alta acentuada, devido à falta de oferta e à forte recuperação da demanda mundial, causada pelo levantamento em muitos países das restrições sanitárias impostas para combater a pandemia de coronavírus.

- Metais industriais disparam -


Os preços das commodities também dispararam hoje, já que "interrupções no fornecimento da Rússia são cada vez mais prováveis", comentou Daniel Briesemann, do Commerzbank.

"Parece que está ficando cada vez mais difícil exportar produtos básicos da Rússia", acrescentou.

Na terça-feira, a gigante marítima dinamarquesa Maersk anunciou que estava suspendendo novos pedidos de e para portos russos, salvo no caso de alimentos, produtos médicos e humanitários, devido a sanções internacionais.

"Se outras companhias de navegação seguirem esse exemplo, provavelmente será cada vez mais difícil exportar materiais da Rússia", ressaltou o analista.

O aumento de preços foi especialmente acentuado no caso do alumínio e do níquel, metais que dependem, em grande medida, das exportações russas.

A tonelada de alumínio alcançou US$ 3.552 no mercado de metais de Londres (LME) nesta quarta, um máximo histórico, enquanto o níquel se aproximou de seu maior nível em 11 anos, sendo negociado a US$ 25.750 a tonelada.

Em 2021, a Rússia foi o terceiro produtor mundial de alumínio, atrás de China e Índia, segundo dados do Escritório Mundial de Estatísticas do Metal, e exporta grande parte de sua produção para Turquia, Japão, China, Estados Unidos e UE.

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