Em reação à escalada das ameaças do presidente Vladimir Putin, a União Europeia anunciou neste domingo, 27, sanções e medidas históricas para ajudar a Ucrânia. A primeira delas foi a decisão do bloco de fechar seu espaço aéreo para voos operados pela Rússia, tanto de empresas aéreas quanto de jatos particulares. Em outra decisão sem precedentes, o grupo de países concordou em financiar a compra e entrega de armas e equipamentos às forças ucranianas, incluindo caças.
Da Alemanha à Suécia, passando por França, Bélgica e Itália, os países europeus foram fechando gradualmente seu espaço aéreo às companhias russas. A decisão deve ser um golpe tanto ao setor de aviação russo quanto às frequentes viagens da oligarquia do Kremlin para a Europa. Em resposta, a companhia aérea russa Aeroflot anunciou a suspensão de todos os voos para o bloco.
A UE também decidiu proibir meios de comunicação financiados pelo Kremlin de atuar em países do bloco. Segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyn, os canais Russia Today (RT) e Sputnik News também terão as concessões para operar no bloco cassadas.
"Vamos banir a máquina de propaganda do Kremlin da União Europeia", disse Von Der Leyn. "Putin não mais conseguirá espalhar mentiras e divisões entre o bloco."
Em uma decisão histórica, a União Europeia autorizou um pacote de ? 450 milhões (cerca de R$ 2,6 bilhões) para a compra e entrega de armas às forças ucranianas. O pacote de ajuda também incluiria provisões de cerca de ? 50 milhões (cerca de R$ 290 milhões) para a compra e entrega de combustível e equipamentos médicos para a Ucrânia.
Na entrevista coletiva, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, explicou que o bloco enviará aviões de combate para a Ucrânia. "Não estamos falando apenas de munição. Estamos fornecendo as armas mais importantes para uma guerra", disse o diplomata, explicando que o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmitro Kuleba, pediu aviões que os ucranianos possam pilotar. "Alguns membros (da UE) têm esses aviões", disse Borrell.
A UE decidiu se unir formalmente para enviar armas para a Ucrânia depois de alguns países, individualmente, como França, Espanha, Grécia e Polônia, anunciarem que iriam financiar o esforço de guerra do presidente Volodmir Zelenski.
Além de viabilizar esses fundos para a compra de armas, os chanceleres europeus chegaram a um acordo político para bloquear as transações do Banco Central russo. Com essa medida, mais de metade das reservas do Banco Central da Rússia ficarão paralisadas, uma vez que são mantidas em instituições dos países do G-7.
No sábado, 26, a UE e os EUA decidiram tirar parte dos bancos russos do sistema internacional de pagamentos Swift.
Reunião extraordinária
Em outra reação rara da comunidade internacional, o Conselho de Segurança da ONU convocou para esta segunda, 28, uma reunião extraordinária da Assembleia-Geral para debater a invasão à Ucrânia. O órgão deverá reunir representantes dos 193 Estados-membros o para o debate. Foi a primeira convocação do tipo em 40 anos.
A iniciativa foi promovida no Conselho de Segurança ontem pelos EUA e pela Albânia. Ela avançou com 11 votos a favor, 3 abstenções - China, Índia e Emirados Árabes Unidos - e 1 único voto contra, da Rússia, que nesse caso não tinha poder de veto, já que trata-se de uma decisão processual.
Na sexta-feira, 25, uma resolução no Conselho de Segurança que condenava a invasão e exigia a retirada das tropas foi vetada pela Rússia. Como um dos cinco membros permanentes do Conselho, a Rússia tem poder de veto. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.