O ministro da Economia, Paulo Guedes, vai aproveitar o carnaval para se reunir com investidores estrangeiros a fim de convencê-los de que o Brasil está preparado para enfrentar toda a turbulência internacional, no caso de prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ele pretende conversar com bancos e investidores institucionais dos Estados Unidos. Guedes levará aos donos do dinheiro o repetitivo discurso de que o "Brasil está condenado a crescer" e que tem hoje pelo menos R$ 825 bilhões em projetos contratados, cifra que pode ir a R$ 1,3 trilhão até o fim do ano. Não será fácil para o ministro reverter o pessimismo com o governo de Jair Bolsonaro, considerado uma fonte constante de crises.
Ontem, depois de muito nervosismo, houve um certo respiro nos mercados. O Ibovespa, principal índice de lucratividade da Bolsa de Valores de São Paulo, registrou alta de 1,39%, nos 113.142 pontos. Os investidores viram oportunidades de compras depois de dois dias de tombo. Já o dólar, visto como um ativo de proteção em períodos de incertezas, avançou 1,25%, para R$ 5,17. "Vínhamos de duas quedas seguidas na Bolsa, mas, ontem, o impulso de entrada de estrangeiros salvou o dia. O saldo do mês de recursos vindos de fora para a Bolsa ficou em R$ 24 bilhões", disse Fabrício Gonçalves, CEO da Box Asset Management.
O quadro de incertezas, porém, continua latente, ressaltou o CEO da Top Gain, Alisson Correia. Para ele, a calmaria que se viu ontem tem a ver com a percepção dos investidores de que não se espera uma retaliação com armas de países do Ocidente contra a Rússia. A tendência é de que toda as ações em direção ao país de Vladimir Putin se deem por meio de sanções econômicas. "Vamos ver como tudo irá se desenrolar nos próximos dias", frisou.