A falta de contundência do governo do presidente Jair Bolsonaro à invasão russa recebeu, ontem, severas críticas do encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach. Segundo ele, não se trata mais de "apoiar um país ou outro", mas de uma violação à Carta das Nações Unidas e uma agressão aos princípios democráticos.
"Estamos observando uma violação do direito internacional e a própria Carta das Nações Unidas. Isso já quer dizer que a situação não é apoiar um país ou outro. A situação é estar a favor dos valores democráticos", disse.
Na reunião com diplomatas de várias representações em Brasília, Tkach pediu para que os países mostrem solidariedade com os ucranianos impondo sanções à Rússia e ajudando na resistência ao invasor.
"Apoio à Ucrânia com armas, equipamentos de proteção, combustíveis e fornecer o apoio financeiro. Apreciamos as sanções já impostas pela União Europeia, Austrália, Canadá, especialmente as sanções muito fortes que já foram impostas por Estados Unidos e Reino Unido, que estão prejudicando severamente a economia russa. Pedimos que o mundo reforce ainda mais essas sanções", salientou.
Tkach ressaltou a importância do Brasil num processo de retomada da paz. Para ele, é preciso que o país também imponha sanções econômicas à Rússia e se una aos demais países na condenação à guerra.
Segundo Tkach, a ofensiva russa contra a capital ucraniana, Kiev, causou a morte dos quatro civis e ferimento de outras 15 pessoas. Mas, conforme disse, o ataque do invasor está sendo indiscriminado e atingindo locais que deveriam ser preservados.
"Um dos mísseis atingiu um orfanato nas proximidades de Kiev, com 50 crianças dentro. Por sorte, não tivemos informações de mortes", comentou. Tkach assegurou que os russos perderam cerca de mil soldados até agora, além de 80 tanques e 516 blindados.
O representante ucraniano também se mostrou preocupado com a tomada da área da central nuclear de Chernobyl, que em 1986 foi palco de um dos maiores desastres nucleares do século 20. Conforme Tkach, o aumento nos índices de radiação mostra que os russos praticam alguma espécie de manipulação do local. "Só podemos acreditar que o aumento do nível (da radiatividade) foi causado pelo movimento dos armamentos pesados", relatou.