"Todo mundo que pode está fugindo", alerta Krisztian Szavla, um dos primeiros refugiados ucranianos que chegaram ontem à Hungria, a partir da Transcarpathia, no Oeste do país, onde vive boa parte da minoria de origem húngara da Ucrânia. "Não queremos passar pelo que eles estão passando nas montanhas do Leste, acordando com sirenes e os russos bombardeando sua cidade", diz o ucraniano de 28 anos, em um posto de gasolina em Záhony, do lado húngaro da fronteira.
A região ucraniana de Transcarpathia, isolada do resto do país pelas montanhas dos Cárpatos, é um mosaico de grupos étnicos no qual os húngaros são a maior população (130 nil pessoas).
"Por outro lado, há filas de uma hora para comprar gasolina, caixas eletrônicos de bancos vazias, assim como prateleiras de lojas", conta Szavla, que planeja ficar com amigos no leste da Hungria por um tempo. "Tenho mulher e uma filhinha. Não quero que ela cresça sem pai", diz o profissional de marketing, que admite estar fugindo do recrutamento militar.
A polícia húngara reportou longas filas para entrar no país, que compartilha uma fronteira de 140 quilômetros com a Ucrânia. Segundo a agência de notícias húngara MTI, "pelo menos 400 a 500 pessoas" cruzaram a fronteira a pé.
"Depois do ataque de hoje, temos que levar em conta que haverá um número significativo de cidadãos ucranianos chegando à Hungria e, possivelmente, solicitando o status de refugiado", disse o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, em um vídeo divulgado ontem.
Um mapa postado ontem na página de Orban em uma rede social sugeriu que a Hungria pode ser destino de até 600 mil refugiados
Dano colateral
Na vizinha Romênia, a polícia disse que cerca de 5,3 mil pessoas entraram no país vindas da Ucrânia (com a qual tem uma fronteira de 615 quilômetros). No dia anterior, foram 2,4 mil. Centenas de ucranianos cruzaram a fronteira em Sighetu Marmatiei, de acordo com imagens de televisão. Segundo o ministro da Defesa, Vasile Dancu, a Romênia planeja abrigar os refugiados em seis ou sete regiões próximas à fronteira. "Estamos preparados para administrar esse dano colateral (da guerra)", disse ele.