Os líderes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) sinalizaram nesta quinta-feira (24/2) que estão prontos para ajudar a Ucrânia e alertaram que a invasão da Rússia terá repercussões na recuperação econômica mundial.
A diretora do FMI, Kristalina Georgieva, disse que estava "profundamente preocupada" com as consequências dos combates na Ucrânia e alertou em um tweet que isso "adiciona um risco econômico significativo à região e ao mundo".
O Fundo Monetário Internacional está avaliando o impacto econômico, mas "estará pronto para apoiar nossos membros quando necessário".
A instituição com sede em Washington está em processo de desembolsar US$ 2,2 bilhões em assistência à Ucrânia, sob um programa de empréstimos que terminará em junho.
Georgieva disse que o fundo pode fornecer ajuda a outros países afetados pelo conflito, caso seja necessário.
O presidente do Banco Mundial (BM), David Malpass, disse estar "profundamente entristecido e horrorizado com os eventos devastadores na Ucrânia, que terão um impacto econômico e social de longo alcance".
A instituição "está preparando opções para um grande apoio ao povo da Ucrânia e da região, incluindo apoio imediato de orçamento", tuitou Malpass.
A invasão russa da Ucrânia na quinta-feira elevou os preços do petróleo ao seu nível mais alto desde 2014, o que se soma as pressões inflacionárias globais preocupantes.
Em janeiro, o FMI cortou sua previsão do PIB mundial para 2022 para 4,4%, meio ponto a menos que sua estimativa anterior em outubro, devido aos "impedimentos" provocados pela última onda da covid-19.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou novas sanções duras contra Moscou, incluindo o congelamento de ativos de grandes bancos russos e a suspensão das exportações de alta tecnologia para o país, em coordenação com a Europa.
Estratégia russa
No entanto, os analistas observam que Moscou se preparou durante anos para resistir a tais sanções acumulando um fundo de reserva de guerra de dinheiro e ouro, e tem muito pouca dívida.
"Não é coincidência. Acho que é uma parte muito importante do que chamamos de fortaleza da estratégia russa", disse Elina Ribakova, do Instituto de Finanças Internacionais, uma associação bancária global.
"Foi uma mudança muito deliberada na política macroeconômica para atender às ambições geopolíticas", disse à AFP. "Eles têm um cofre que pode protegê-los."
O conflito também pode mudar o ritmo em que a Reserva Federal (Fed) tomará medidas para combater a inflação nos Estados Unidos, disse uma autoridade do banco na quinta-feira.
Espera-se que, no próximo mês, o Fed eleve as taxas pela primeira vez desde que a covid-19 eclodiu, mas pode ter que agir de forma mais agressiva se a crise na Ucrânia interromper as matérias-primas e elevar os preços.
Loretta Mester, presidente do escritório regional do Banco Central em Cleveland, disse que a instituição monitorará o impacto do conflito na maior economia do mundo.
"As implicações da evolução da situação na Ucrânia para as perspectivas econômicas de médio prazo dos EUA também serão levadas em consideração na determinação do ritmo apropriado para retirar o apoio", aifrmou em um discurso.