Onda de refugiados

À medida em que aumenta o temor de uma invasão russa na Ucrânia, cresce também a preocupação de que o ataque tenha como impacto um fluxo de centenas de milhares ou até de milhões de refugiados. E os países da União Europeia (UE) vizinhos da ex-república soviética começam a se preparar para essa possibilidade. Ontem, a embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, alertou que o conflito poderia provocar uma nova crise com até 5 milhões de pessoas deslocadas.

A Polônia, que tem uma extensa fronteira com a Ucrânia e acolhe cerca de 1,5 milhão de seus cidadãos, expressou seu apoio ao país vizinho e sua vontade de ajudá-lo. Os planos estavam sendo analisados mesmo antes de Moscou reconhecer a independência das áreas controladas pelos rebeldes no leste ucraniano e das sanções ocidentais.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, criou um grupo de trabalho para definir as necessidades logísticas, de transporte, médicas e educativas para receber os refugiados ucranianos. "Estamos preparados para receber crianças e jovens nas escolas e os estudantes nas universidades polonesas", declarou o ministro da Educação, Przemyslaw Czarnek.

A comissária do Interior da UE, Ylva Johansson, disse à agência France-Presse (AFP) que a Comissão Europeia está disposta a fornecer apoio econômico à Polônia se necessário, assim como ajuda da agência europeia de asilo, da Europol e da agência de fronteiras da UE, a Frontex.

Também a Eslováquia, que compartilha sua fronteira oriental com a Ucrânia, tem planos para enfrentar "uma possível pressão dos refugiados", informou o ministro da Defesa, Jaroslav Nad. O ministro do Interior, Roman Mikulec, destacou que há quatro campos de refugiados que poderiam receber os solicitantes de asilo ucranianos. "Se a situação exigir, também podemos utilizar as instalações de alojamento existentes no Ministério do Interior e em outros", afirmou.

A Romênia, um dos países mais pobres da Europa, não acredita que muitos ucranianos vão fugir para seu território em caso de conflito, mas assinalou que está pronta para acolher meio milhão. Mesmo a Hungria, cujo primeiro-ministro Viktor Orban é conhecido pela sua linha dura contra a imigração, parece disposta a receber refugiados ucranianos.