Paraguai

Ministro do Interior paraguaio é demitido por ligação com narcotraficante

Arnaldo Giuzzio, foi demitido depois que a imprensa paraguaia disse que o ministro tem ligação com narcotraficante brasileiro preso

O ministro do Interior do Paraguai, Arnaldo Giuzzio, foi demitido nesta terça-feira, após a publicação de artigos pela imprensa sugerindo que ele tem ligação com um suposto narcotraficante brasileiro preso recentemente em seu país, anunciou a presidência.

"O presidente tomou a decisão de trocar o ministro do Interior. Esta decisão é baseada na profunda convicção e necessidade de salvaguardar a legitimidade do Ministério do Interior, que pode ser afetada pelos acontecimentos recentes", disse em entrevista coletiva o porta-voz da presidência, Hernán Hutteman.

O chefe de Estado, Mario Abdo Benítez, nomeou o assessor presidencial Federico González como chefe da pasta, para substituir Giuzzio.

O jornal "La Nación" de Assunção publicou nesta terça-feira uma foto do ministro destituído ao lado do brasileiro Marcus Vinicius Espíndola Marques de Pádua, preso há uma semana por envolvimento em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Também divulgou a imagem de uma caminhonete blindada do brasileiro, que Giuzzio teria usado durante suas férias no Brasil.

 Giuzzio se defende 

 Giuzzio explicou-se dizendo que "as fotos que estão sendo publicadas foram tiradas na sede das Forças de Operações Especiais (Fope), no âmbito de uma exposição (em 2021) de produtos".

O ministro demitido contou que, no fim de dezembro, quando passava férias no Brasil, teve um problema com seu carro e entrou em contato com o brasileiro para alugar outro veículo. "Chamei esse senhor Marcus, que eu conhecia porque ele estava me oferecendo blindagem, coletes e esses tipos de elementos para proteção pessoal (da polícia)."

O brasileiro dirige uma empresa privada no Paraguai para o fornecimento de equipamentos de segurança e blindagem para veículos que, afirmou Giuzzio, está devidamente autorizada pela Direção de Material Bélico do Paraguai. Ele disse que desconhecia as acusações no Brasil contra o suspeito detido, e que o uso do veículo respondia "a um caso de urgência". "A opção era totalmente válida."

O ministro demitido informou que o aluguel "está sendo pago", mas não citou o valor. "Se formos pedir informações sobre todos os brasileiros que encontramos na vida, vai ser meio complicado", ironizou, após negar repetidas vezes ter uma relação pessoal com o suposto narcotraficante.

  Investigação 

 O promotor contra o crime organizado Federico Delfino anunciou que uma equipe de trabalho foi formada nesta terça-feira para investigar as ligações do ministro demitido.

Manuel Doldán, procurador de Assuntos Internacionais, assegurou que o Ministério Público do Paraguai e a Secretaria Antidrogas (Senad) estavam cientes de que Marcus Vinicius Espíndola Marques de Pádua e duas de suas empresas que operavam no Paraguai eram investigados há mais de um ano no Brasil.

Giuzzio foi ministro da Senad até janeiro de 2021, antes de assumir a pasta do Interior. "A Senad já sabia. Tenho certeza documentada", afirmou Doldán, acrescentando que pediu ao Brasil uma cópia da troca de informações sobre o assunto para acrescentar à investigação.

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