A polícia canadense lançou nesta sexta-feira (18) uma grande operação para desbloquear as ruas do centro de Ottawa, paralisadas há quase três semanas por um movimento de opositores às medidas sanitárias que obrigou o Parlamento a permanecer excepcionalmente fechado.
A polícia, que se mobilizou maciçamente pelas ruas da capital federal, começou na sexta-feira passada às 8h00 (horário local) a realizar detenções, informaram repórteres da AFP.
Em algumas avenidas alguns carros também foram rebocados, mas na metade da manhã a polícia ainda não havia chegado à avenida principal, ao redor do Parlamento.
A Polícia reiterou em sua conta do Twitter o apelo aos manifestantes: "Devem ir embora. Devem parar toda atividade ilegal e imediatamente devem retirar seus veículos e/ou propriedades de todos os lugares de protesto ilegal. Qualquer um que estiver no local de um protesto ilegal pode ser preso".
Nesse sentido, a Polícia pediu aos manifestantes que permaneçam "em paz".
No dia anterior, pela primeira vez, a polícia se deslocou em massa para o centro da cidade e ergueu um perímetro de segurança, colocando cem postos de controle para o acesso à área.
À noite, prendeu dois líderes do movimento, que comparecerão ao tribunal nesta sexta-feira.
Tamara Lich, que está por trás do "comboio da liberdade", está acusada de ter incitado "a cometer crimes".
Christopher Barber está acusado pelo mesmo crime, assim como de ter incitado a desobedecer uma ordem judicial e atrapalhar o trabalho da polícia.
Alguns manifestantes afirmaram antes da intervenção policial que aguentariam até o final.
Instalado desde o primeiro dia de protestos, Csaba Vizis afirmou estar pronto para "voltar para casa glorioso com o César ou em um saco de cadáver". "Não tenho nada a perder, ou ganho isso ou morro", disse o caminheiro de 50 anos.
Inicialmente subestimado pelas autoridades, o movimento de protesto canadense começou no final de janeiro a partir de caminhoneiros que protestavam contra a obrigação de se vacinarem para cruzar a fronteira com os Estados Unidos.
As demandas, no entanto, se estenderam depois à rejeição de todas as medidas sanitárias e inclusive ao governo de Justin Trudeau. Este último disse na quinta-feira que o movimento deixou de ser "pacífico".
"Mantenham-se afastados"
Pela primeira vez desde o início do protesto, que acontece em frente ao Parlamento federal, este último permaneceu fechado nesta sexta-feira.
"A sessão de hoje está cancelada" por razões de segurança, anunciou o presidente da Câmara dos Comuns, Anthony Rota.
"Se você não está (já) presente nas instalações da Câmara dos Comuns, mantenha-se afastado do centro da cidade até novo aviso. Se já está dentro do edifício, permaneça dentro e aguarde instruções", disse aos deputados.
Os deputados deveriam debater a aprovação de uma lei de medidas de emergência das 07h00 locais (09h00 em Brasília) até meia-noite.
A câmara analisa desde quinta-feira a implementação da Lei de Medidas de Emergência invocada por Justin Trudeau na segunda-feira para acabar com os bloqueios "ilegais" que se desenvolvem no país.
Trata-se da segunda vez em tempos de paz que esta disposição é utilizada. A anterior remonta à crise de 1970, quando Pierre Elliott Trudeau, pai do atual primeiro-ministro, estava no poder.
A oposição conservadora questionou duramente a menção dessa lei pelo governo.
A ativação desta lei já permitiu congelar as contas bancárias de pessoas físicas ou jurídicas vinculadas à manifestação, explicou na quinta-feira a ministra da Fazenda e vice-primeira-ministra Chrystia Freeland.
Classificando a situação de "precária", o ministro de Segurança Pública, Marco Mendicino, disse ontem que os "bloqueios fronteiriços ilegais" custaram bilhões de dólares à economia canadense.
Grande parte disso foi, segundo ele, devido ao bloqueio dos eixos fronteiriços com Estados Unidos por parte dos manifestantes durante vários dias, o que levou Washington a intervir contra o governo de Trudeau.
A cidade de Ottawa, a província de Ontário e todo o Canadá estão em estado de emergência devido a esse movimento de protesto sem precedentes.
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