Windsor, Canadá | A polícia canadense começou a esvaziar neste sábado (12) uma ponte na fronteira com os Estados Unidos, bloqueada por manifestantes que se opõem às medidas sanitárias, enquanto milhares de pessoas são aguardadas em Ottawa para uma grande manifestação.
O movimento, que entra na terceira semana, inspirou outros em outros países, especialmente na capital francesa, Paris, onde, apesar da proibição à manifestação, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra o passaporte sanitário.
No Canadá, o Tribunal Superior de Ontário determinou a evacuação dos manifestantes que ocupavam desde a segunda-feira a ponte Ambassador, importante eixo fronteiriço entre os dois vizinhos norte-americanos, um bloqueio que levou Washington a intervir junto ao governo de Justin Trudeau.
O primeiro-ministro canadense prometeu na sexta-feira aumentar a repressão policial porque as "fronteiras não podem permanecer fechadas" e Ontário decretou estado de emergência.
Mas nada pareceu dissuadir os manifestantes nas ruas de Ottawa ou na ponte Ambassador, que liga Windsor, em Ontário, à cidade americana de Detroit.
No meio da manhã, a polícia avançou sem problemas ao redor da ponte: os manifestantes desmontaram algumas barracas de camping montadas entre as faixas de rolamento e os primeiros caminhões deixaram o local, observou um jornalista da AFP.
Mas várias dezenas de manifestantes ainda ocupavam a calçada e enfrentavam a polícia, presente em massa e apoiada por veículos blindados.
O objetivo é desativar "a situação de forma pacífica", disse a jornalistas Jason Bellaire, da polícia de Windsor, que não pôde confirmar se a ponte estará totalmente desocupada até o fim do dia. Mas por enquanto não houve detenções no local.
O fechamento desta ponte desde o início da semana causou transtornos na indústria automotiva dos dois lados da fronteira.
Mais de 25% das mercadorias comercializadas entre os Estados Unidos e o Canadá circulam por ali.
Também estão bloqueados dois eixos fronteiriços: o primeiro, em Emerson, que liga a província canadense de Manitoba à americana Dakota do Norte, e o segundo em Alberta.
Apoio crescente
Na manhã deste sábado, pelo terceiro fim de semana consecutivo, uma multidão se concentrou nas ruas de Ottawa, epicentro do movimento.
Com bandeiras canadenses na mão ou penduradas nos ombros, centenas de pessoas chegaram ao centro da cidade e ficaram em meio aos caminhões estacionados, apesar da neve que caía, informou um jornalista da AFP.
"Não estou vacinado e não estou morto", disse Marc-André Mallette, de 38 anos, destacando que apoiou a causa "desde o princípio".
John Pacheco, que participa das manifestações três vezes por semana, levou no sábado sua filha, Sofia, de 15 anos.
"Se não estou vacinada, não posso ir à igreja", protestou Sophia Pacheco, que colocou terços ao redor da bandeira canadense.
O protesto originou-se com caminhoneiros contrários à obrigatoriedade da vacinação para cruzar a fronteira com os Estados Unidos, mas agora abrange reivindicações mais amplas contra todas as medidas sanitárias e o governo de Justin Trudeau.
Ele tem sido duramente criticado pela oposição por sua inação frente aos manifestantes.
Trudeau denominou os manifestantes de "minoria marginal e barulhenta".
Mas em um país onde as medidas sanitárias são na maioria das províncias mais restritivas do que em outras partes do mundo, o movimento recebeu um apoio popular mais amplo do que o previsto pelas autoridades.
Segundo uma consulta, um terço dos canadenses o apoia e 44% dos vacinados entendem "a causa e as frustrações que os manifestantes transmitem".
Desde o início do movimento, várias províncias do centro do Canadá anunciaram o abandono do passaporte vacinal e das máscaras nas próximas semanas.
No entanto, as duas províncias mais populosas do país, Ontário, epicentro dos protestos, e Quebec, se inclinaram em sentido contrário.
Manifestação em Paris
Em Paris, alguns dos milhares de opositores ao passaporte vacinal conseguiram chegar no sábado à avenida Champs Elysées, o que provocou rapidamente a intervenção da polícia para dispersá-los, e se uniram às manifestações autorizadas.
Seguindo o modelo da mobilização canadense, concentraram-se nas ruas da capital francesa opositores do presidente Emmanuel Macron, às medidas sanitárias e os "coletes amarelos", dando forma a um movimento autodenominado "Comboios da Liberdade".
A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que se reuniram na Champs Elysées.
Em Haia, manifestantes procedentes de todas as partes da Holanda bloquearam o centro da cidade, onde estão decididos a permanecer, apesar dos pedidos das forças de ordem para que se retirassem.
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