Ao repreender dois de seus parlamentares que investigam o papel do ex-presidente Donald Trump na invasão ao Capitólio, o Partido Republicano classificou o ataque, realizado em 6 de janeiro do ano passado, como parte de um "discurso político legítimo". Liz Cheney e Adam Kinzinger são vistos como adversários do magnata, que mantém um forte controle sobre a legenda, apesar de não ter se reeleito.
Reunidos em Salt Lake City, no estado de Utah, os 168 membros do comitê nacional do partido aprovaram uma censura formal aos dois legisladores. Eles foram acusados de ter um comportamento "destrutivo da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, do Partido Republicano e da república".
A invasão ao Capitólio, no dia da confirmação da vitória do presidente Joe Biden nas urnas, resultou na morte de nove pessoas. No aniversário de um ano do ataque, o democrata fez um discurso no qual culpou Trump diretamente pelo episódio. "Pela primeira vez em nossa história, um presidente não apenas perdeu uma eleição, ele tentou impedir a transferência pacífica do poder quando uma multidão violenta violou o Capitólio", declarou Biden, na ocasião.
Os partidários da linha dura de Trump vêm pressionando há meses para que Cheney e Kinzinger sejam punidos, sobretudo porque a investigação sobre a insurreição de 6 de janeiro de 2021 se aproximou do círculo íntimo do ex-presidente. Atualmente, há na legenda uma campanha para expulsão dos filiados tidos como desleais a Trump.
Para essa ala, Cheney e Kinzinger, como integrantes da comissão que investiga a invasão, atuam na "perseguição de cidadãos comuns envolvidos em discursos políticos legítimos". Há poucos dias, Trump indicou que, se eleito em 2024, poderá perdoar os condenados pelo ataque.
Na prática, a censura sinaliza, desde já, o possível abandono à candidatura de Liz Cheney nas eleições de meio de mandato de novembro. Com isso, ele corre o risco de perder seu assento em Wyoming. Adam Kinzinger, já havia anunciado que não tentará um novo mandato e se retirará do Congresso.
Nessas eleições, os republicanos estão confiantes de que atingirão a base de Biden, enfraquecido pelo impasse de seus projetos no Congresso, inflação descontrolada e casos de covid-19 que não param de aumentar.