Nesta segunda-feira (28/2), as duas delegações de negociadores voltaram para casas com as mãos cheias. Depois de cinco horas da reunião em Gomel, na Belarus, russos e ucranianos chegaram a Moscou e Kiev com inúmeros papéis, muitos problemas colocados e nenhum resolvido. Mãos cheias de papel e vazia de soluções.
Sem qualquer poesia, os dois lados apenas reforçaram suas duras exigências iniciais. Os russos querem a Criméia, Donbass e a Ucrânia parando de sonhar com a União Europeia e, principalmente, com a OTAN.
Os ucranianos querem ser membros plenos da União Europeia desde ontem. E querem entrar e participar da OTAN com ganas de anteontem, para ver os russos fora da Criméia, de Donbass e de suas fronteiras de agora para sempre.
Radicalizou, perdeu. Mas se os dois radicalizam, perdem ambos? Há casos em que a dialética revela a existência de outras saídas. É a política. Analistas russos em Moscou avisaram, assim que a reunião acabou, que alguns sinais positivos foram admitidos.
Putin terá dito ao francês Macron que recomendará mais cuidado aos seus atiradores para que não acertem alvos civis; Zelenski teria prometido ao inglês Johnson continuar as tentativas de uma boa negociação de paz. Há mais líderes se propondo a buscar saídas, o que pode ser bom.
O que de longe é ruim é o aumento das decisões contra a Rússia adotadas pela UE, EUA, OTAN e simpatizantes. Podem servir para reforçar o líder da Ucrânia, de reconhecidas simpatias neonazistas. E também para tentar enfraquecer o líder da Rússia, veterano em práticas antidemocráticas.
Putin perde pontos em casa. Até os empresários começaram a reclamar das medidas recentes que rementem aos tempos da guerra fria e da extinta União Soviética.
O resumo vem de Moscou, de uma fonte russa ouvida pelo Correio: "a Rússia se cobriu de opróbio e quem vai pagar é o povo, inclusive as gerações vindouras", disse, para depois lamentar: " o que é capaz de fazer a obstinação de uma pessoa".
Ainda são tênues, por isso, as apostas positivas do início das negociações, mesmo que existam chances e, mais ainda, o desejo de que o quadro melhore e se resolva.
Luiz Recena, de Portugal, com fontes em Moscou e agências internacionais.
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