Em coletiva realizada nesta segunda-feira (28/2), na Embaixada da Ucrânia, em Brasília, o Encarregado de Negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, cobrou veementemente que o país mantenha o posicionamento oficial na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU). Em resposta às declarações de Jair Bolsonaro (PL), em coletiva no domingo (27/2), o encarregado disse que o presidente pode está "mal informado".
Bolsonaro vem adotando uma posição de neutralidade sobre o confronto no leste europeu. De acordo com o presidente, romper com a Rússia poderia acarretar em fome e miséria, “e não queremos trazer mais sofrimentos”, por isso ele não iria “tomar partido” e ajudaria a “buscar soluções”.
Anatoliy Tkach informou que os presidentes de Brasil e Ucrânia ainda não conversaram a respeito do conflito ocasionado pela Rússia, e, talvez, por isso Bolsonaro esteja “mal informado”. “Eu penso que o presidente do Brasil está mal informado. Talvez seria interessante ele conversar com o presidente ucraniano para ter outra posição e ter uma visão mais objetiva. Nesse momento em que estamos é bem delicado. Estamos decidindo o futuro da Europa e do mundo”, comentou.
O encarregado ucraniano explicou que “nesse momento não se trata de apoio à Ucrânia, se trata de apoio aos valores democráticos, direito internacional, incluindo os fundamentos como não devastar as fronteiras, o respeito de soberania internacional e à integridade territorial”. Ao ser questionado sobre o sentimento em relação às palavras do presidente brasileiro, ele preferiu não se comprometer. “Não posso comentar as palavras do presidente. Espero contar com a posição oficial do Brasil na ONU”, declarou.
Além disso, Tkach afirmou que a Ucrânia fez um pedido oficial de ajuda humanitária, hoje, ao Itamaraty. Entre os itens está desde comida até itens de primeiros socorros, roupas, principalmente térmica. Ainda não tiveram resposta do órgão.
O encarregado informou que os dados atuais, trazidos pelo Ministério da Saúde do país, contabilizam 2.040 civis feridos, entre eles 45 crianças, 352 pessoas mortas, entre elas 16 crianças. No dia de ontem (27) atravessaram a fronteira da Ucrânia 120 mil pessoas. “O pior dessa situação é que os menores de idade estão atravessando a fronteira sem a companhia de adultos, muitas vezes sem a proteção dos pais ou uma procuração, o que vai provocar os problemas deles para documentos”, explicou.
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