CONFLITO

Ucrânia: Jogador brasileiro que se mudou em busca do sonho tenta deixar o país

Como muitos outros civis, Murilo Maia, 23 anos, está tentando fugir do país pela fronteira com a Polônia. Veja vídeo.

Gabriela Bernardes* Arthur Ribeiro*
postado em 25/02/2022 19:28 / atualizado em 25/02/2022 21:48
 (crédito: Arquivo Pessoal )
(crédito: Arquivo Pessoal )

O que era a busca pela realização de um sonho tornou-se um pesadelo. O atleta profissional de futebol, Murilo Koefender Maia, de 23 anos, se mudou para a Ucrânia no início de fevereiro deste ano, em busca da oportunidade de jogar em um clube europeu. O objetivo do jovem, no entanto, foi interrompido bruscamente desde a última quinta-feira (24), quando tropas russas invadiram o território ucraniano por terra, ar e mar.

Como muitos outros civis, Murilo está tentando sair do país. O jogador — nascido em Marechal Cândido Rondon, oeste do Paraná — foi para o oeste do país para tentar deixar a Ucrânia pela fronteira com a Polônia. “Eu estou aqui para tentar cruzar a fronteira a pé desde às 18h30 de ontem, eu consegui cruzar agora, 13h do dia seguinte. Nós estamos aqui sem dormir, se alimentando do que pode, do que dá, salgadinho, refrigerante, água, que foi o que a gente conseguiu comprar na fila mesmo. Agora a gente conseguiu passar da barreira mais difícil. Tem mais uma fila para ultrapassar agora, na Polônia”, detalha o jogador.

No entanto, já não basta o desespero com os bombardeios, o brasileiro conta que também têm sofrido com a língua. “Meu sentimento atual em relação a situação é de uma verdadeira bagunça aqui, eles são completamente despreparados para conter o pessoal. Eu não entendo absolutamente nada do idioma local, os soldados e os guardas não falam inglês, eu não conhecia um guarda, um soldado que fala inglês. Para ser sincero eu conheci apenas um soldado que falava inglês, o resto não fala absolutamente nada, não entende nada”

Assim, como Murilo, muitos outros brasileiros estão desesperados na Ucrânia e tentando sair do país por conta própria. Segundo ele, não há ajuda das autoridades brasileiras. “O governo não entrou em contato, a gente também não conseguiu entrar em contato. Eu estou com mais atletas aqui, atletas que estão tentando cruzar a fronteira. O que eu poderia dizer em relação a isso para o governo brasileiro é que eu não sei se eles estão se importando muito com isso que está acontecendo na verdade, sabe? É muito noticiado no jornal, a embaixada podia fazer um contato ali, falar o que é importante, falando o que deve acontecer, enfim. Isso chega a ser lógico e essencial, mas eu acho que falta um suporte maior no quesito de tentar tirar o povo de alguma maneira, sabe? É lógico que não sei como está a situação dos aeroportos, a gente conseguiu passar pela via terrestre, no caso. Mas é uma situação muito crítica até para eles informarem alguma coisa”, desabafa.

“O clima geral aqui, pelo menos dessa fronteira, é um clima extremamente tenso pela falta de organização, pela falta de comunicação, pelo jeito que as coisas estão sendo tratadas aqui, é uma bagunça enorme, verdadeira de uma bagunça. O clima de segurança praticamente não existe, a gente vê ali crianças no meio do do empurra-empurra, muito mal colocados guardas, muito mal orientadas, inclusive, é uma verdadeira bagunça enorme. Sem tirar nem por, eles realmente não sabem o que eles estão fazendo, na questão dos soldados que estão ajudando. A minha fronteira é segura, até porque é uma fronteira longa do conflito. Não sei como estão as fronteiras próximas ao conflito, mas a nossa fronteira está mais tranquila em relação a isso. E enfim, a gente conseguiu passar da primeira parte, nós vamos pra próxima parte e vamos ver como que horas a gente vai conseguir chegar à Polônia”, disse.

*Estagiários sob supervisão de Pedro Grigori

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