Milhares de pessoas tomaram as ruas de Nova York, Madri, Berlim, Paris, Varsóvia, Haia e da própria Rússia nesta quinta-feira (24/2), para exigir que o presidente russo, Vladimir Putin, dê fim à “loucura” da guerra que desencadeou com a invasão à Ucrânia, que já deixa dezenas de mortos e mais de 100.000 deslocados.
Na Rússia, cerca de 1.400 pessoas foram detidas em várias cidades por participarem de manifestações contra a guerra, segundo a ONG de direitos humanos OVD-info. A organização afirma que 1.391 pessoas foram presas em 51 cidades, entre elas 719 em Moscou, onde a AFP testemunhou dezenas de detenções.
A Rússia tem uma severa legislação de controle das manifestações, que costumam terminar com prisões em massa.
Em Nova York, cerca de 200 pessoas caminharam da Times Square até a sede das Nações Unidas, preocupadas com o destino de seus familiares na Ucrânia. Foi o caso de Kateryna Bieliayeva, 34 anos, que verifica constantemente como estão seus pais, médicos, que decidiram ficar em Chernihiv, norte da Ucrânia, perto da fronteira com Belarus e Rússia.
"Parte da região já está ocupada" e os combates continuam, disse, com preocupação, à AFP. "Gostaria de fazer alguma coisa, mas me sinto impotente. (Protestar) é a única coisa que posso fazer", lamentou essa ucraniana naturalizada americana.
Dmytro Zhurba, que vive em Nova York há oito anos, mas nasceu e foi criado na Crimeia, anexada por Putin em 2014, está preocupado com seus pais, que se protegem "de aviões (militares) russos em um porão (na cidade) de Kharkiv".
"A Crimeia não é mais Ucrânia. Não posso estar lá. Minha mãe nasceu na região de Donetsk, e meu pai, em Lugansk. Não há mais Donetsk ou Lugansk. Agora eles moram em Kharkiv e a guerra está chegando lá. Estou farto de correr para todo lado. Assim como minha família. E minha irmã está no meio da Ucrânia. Ela tem três filhos, o mais velho de 6 anos", contou, resumindo uma realidade vivida por muitas famílias ucranianas.
Em Berlim, em frente à embaixada russa, uma faixa pede: “Parem com essa loucura, salvem a vida, chega de mentiras”. Muitos dos participantes são russos que residem na Alemanha.
"Todo mundo deveria vir aqui hoje e apoiar a Ucrânia. Dizer que a guerra deve acabar", disse à AFP Olga Kupricina, 32 anos, natural de Kaliningrado e moradora da Alemanha desde outubro.
"Ucranianos e russos são irmãos e irmãs. Todos os meus amigos estão chocados e não querem uma guerra. Queremos mostrar que somos contra a guerra. Somos russos e viemos da Rússia. A Ucrânia sempre foi um país muito amigável conosco e um país próximo", declarou Ekaterina Studnitzky, 40 anos, residente na Alemanha há 16.
Putin roubou minha casa'
Em outra manifestação, aos pés do mítico Portão de Brandemburgo, a estudante ucraniana Sofia Avdeeva acusa Putin: "Ele roubou minha casa, porque sou de Donetsk e minha família e eu tivemos que sair por causa da guerra."
"Não quero que toda a Ucrânia tenha o mesmo destino. Já disse adeus à minha casa, mas não quero que todo o país viva o inferno que vivemos", acrescentou.
Em Paris, centenas de pessoas se reuniram em frente à embaixada russa, entre elas candidatos nas eleições presidenciais de abril.
Em Varsóvia, capital da Polônia, que faz fronteira com a Ucrânia, um manifestante queimou uma bandeira russa em frente à embaixada de Moscou.
Em Praga, milhares se manifestaram na praça Wenceslas, onde exibiram cartazes com as imagens de Hitler e Putin e os anos 1938-2022, em referência ao ano da ocupação da Tchecoslováquia pela Alemanha nazista.
Em Madri, o ator Javier Bardem, vencedor do Oscar, esteve entre as cerca de 50 pessoas reunidas do lado de fora da embaixada russa. Ele disse a um canal local que a invasão é uma "atrocidade" e que "Putin está mais próximo do czarismo e do ultranacionalismo do que qualquer outra coisa”. E completou: “Eu apoio os ucranianos diante dessa invasão."
Em Dublin, Haia e Amsterdã, centenas de pessoas também participaram de manifestações nesta quinta-feira em frente a representações russas. Houve, ainda, protestos em Beirute e Tóquio.
Veja as manifestações:
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