CRISE INTERNACIONAL

Presidente da Ucrânia diz que primeiro dia de ataque russo deixou 137 mortos

Cerca de 100 mil cidadãos da Ucrânia foram deslocados.O Ministério da Saúde do país trabalha para esvaziar hospitais e deixá-los disponíveis para atender os feridos pelos ataques

Talita de Souza
postado em 24/02/2022 19:56 / atualizado em 24/02/2022 20:21
 (crédito: Aris Messinis/AFP)
(crédito: Aris Messinis/AFP)

O primeiro dia de ataque da Rússia à Ucrânia, nesta quinta-feira (24/2), resultou na morte de 137 ucranianos, entre militares e civis, e deixou ao menos 316 feridos, de acordo com Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano. A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que quase 100 mil deixaram as casas e estão em rota de fuga para fora do conflito. 

"137 heróis, nossos cidadãos" perderam a vida, disse o presidente ucraniano em vídeo publicado no site do governo. As baixas foram causadas pelo avanço dos militares pelo leste, sul e norte da Ucrânia. De acordo com a Defesa dos EUA, a Rússia lançou mais de 160 mísseis em aeroportos e bases militares próximas, e na direção, de Kiev, capital ucraniana.

Agora, o ministro da Saúde, Viktor Lyashko, empenha esforços para que os cidadãos ucranianos que podem ser tratados em casa deixem as instituições de saúde para que elas estejam prontas, e com vagas, para atender os feridos pelos ataques. Além disso, a equipe de médicos do país trabalha em regime de plantão, sem pausas.

"Todos estão em seus trabalhos: em hospitais públicos e em instituições vinculadas ao Ministério da Saúde, a Academia Nacional de Ciências Médicas. Há sinais de prontidão de algumas clínicas privadas”, assegura o Ministério da Saúde.

Ao passo em que alinham o atendimento de saúde, a pasta também teve que lidar com bombardeios em hospitais perto de Kiev. "Isso está além da maldade", classificou o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, ao comentar o ataque. 

Russos avançam e conquistam bases militares

Também na quinta-feira (24/2), os russos tomaram controle da usina de Chernobyl, não utilizada, após o que foi considerado pelo assessor da Usina, Myhailo Podolyak, como uma "batalha feroz”. No entanto, a Agência Internacional de Energia Atômica disse que o país informou que “não houve vítimas ou destruição na base nuclear”.

A preocupação agora é com a possível contaminação radioativa no local, já que o bombardeio russo atingiu um depósito de resíduos radioativos. Um trabalhador do local contou à Associated Press que os níveis de radiação já registram aumento significativo.

Chernobyl foi o foco do desastre de 1986, quando um reator nuclear da usina explodiu, ao norte da capital Kiev, e enviou uma nuvem radioativa por toda a Europa. Posteriormente, após numerosas mortes, o reator danificado foi coberto por uma concha protetora para evitar vazamentos.

Além disso, uma base aérea, de Gostomel, foi conquistada pelos militares da Rússia. Os soldados invasores chegaram de helicóptero de Belarus, país aliado da Rússia, com metralhadoras e granadas e abriram fogo contra os agentes ucranianos. De acordo com especialistas, a tomada da base pode resultar em um forte ponto de apoio russo para atacar a capital Kiev. 

As ações foram comemoradas pelo Ministério da Defesa da Rússia, que afirmou que , neste primeiro dia, as operações "foram concluídas com sucesso". De acordo com a pasta, 74 instalações militares foram destruídas, entre elas 11 aeródromos. 

Mais de 1 mil presos em protestos anti-guerra na Rússia 

Centenas de pessoas saíram em protesto nas ruas da Rússia para que o líder da nação, Vladimir Putin, interrompesse os ataques contra a Ucrânia. O resultado foi uma ofensiva militar: a polícia russa prendeu 1.391 pessoas em 51 cidades do país. Cerca de 700 foram detidas apenas na capital, Moscou. 

O clima tenso também invadiu os mercados internacionais. O barril de petróleo Brent superou, pela primeira vez em sete anos, os US$ 100. A Bolsa de Valores de Moscou sofreu perdas de mais de 30%. Já a moeda russa registrou uma baixa histórica ante ao dólar. 

A Rússia também enfrentará uma série de sanções internacionais. O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou que restringirá exportações para a Rússia, além de evitar importações de produtos tecnológicos feitos no país. 

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