O discurso foi feito minutos antes de o presidente russo, Vladimir Putin, anunciar uma "operação militar especial" na região de Donbas, no leste da Ucrânia, onde estão localizados os territórios rebeldes pró-Rússia de Donetsk e Luhansk.
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Zelensky disse que tentou, sem sucesso, conversar com Putin.
"Dei um telefonema para o presidente da Federação Russa. Resultado: silêncio", afirmou Zelensky.
Ele disse que a Rússia tem quase 200 mil soldados e milhares de veículos de combate na fronteira da Ucrânia.
Zelensky mudou o idioma do discurso de ucraniano para russo para fazer um apelo emocional aos russos para que rejeitem um ataque, argumentando que estavam sendo enganados sobre a Ucrânia.
"Quem pode parar (a guerra)? As pessoas. Estas pessoas estão entre vocês, tenho certeza", disse ele.
O líder da Ucrânia afirmou que seu país está pronto para um ataque russo e advertiu:
"Se eles [Rússia] atacarem, se tentarem tomar nosso país — nossa liberdade, nossas vidas, as vidas de nossos filhos — vamos nos defender".
"Ao atacar, verão nossos rostos, não nossas costas", acrescentou.
"Dizem que odiamos a cultura russa. Como você pode odiar a cultura? Ou qualquer cultura. Os vizinhos sempre se enriquecem culturalmente (...). Somos diferentes, mas isso não é motivo para sermos inimigos."
"Dizem que somos nazistas, mas como um povo que perdeu mais de oito milhões de vidas com a vitória do nazismo pode apoiar o nazismo? Como posso ser nazista? Diga isso ao meu avô, que passou toda a guerra na infantaria do Exército soviético e morreu como coronel na Ucrânia", acrescentou.
Ainda discursando em russo, Zelensky afirmou que os ucranianos se lembram do seu passado, mas "querem determinar e construir sua própria história".
"Os russos querem uma guerra? Eu gostaria muito de responder a esta pergunta. Mas a resposta só depende de vocês, cidadãos da Federação Russa", concluiu.
Minutos após o discurso de Zelensky, Putin anunciou uma "operação militar especial" na região de Donbas, onde estão localizados os territórios rebeldes de Donetsk e Luhansk, repúblicas autoproclamadas que Putin reconheceu na segunda-feira como independentes.
Moscou disse que as regiões separatistas no leste da Ucrânia pediram apoio militar.
O anúncio de Putin aconteceu no mesmo momento em que ocorria uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), em Nova York, sobre a crise.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursou pedindo "do fundo do coração": "Presidente Putin, detenha suas tropas de atacar a Ucrânia".
Poucos minutos depois, o primeiro-ministro da Ucrânia, Denys Shmyhal, tuitou:
"Putin acaba de lançar uma invasão em grande escala na Ucrânia. Cidades pacíficas ucranianas estão sob ataque. Esta é uma guerra de agressão. A Ucrânia se defenderá e vencerá".
Na véspera, a Ucrânia declarou estado de emergência e ordenou que milhões de seus cidadãos vivendo na Rússia voltassem para seu país.
O espaço aéreo ucraniano também foi restringido para voos civis devido ao "risco potencial".
A medida foi tomada após um alerta do Safe Airspace, sistema de monitoramento da zona de conflito, que disse que os aviões corriam o risco de serem derrubados involuntariamente ou afetados por ataques cibernéticos.
Inicialmente, não estava claro se o alerta equivalia a uma proibição total de voos civis. Está previsto para expirar às 23h59 (GMT) desta quinta-feira, a menos que seja prorrogado.
A Rússia também emitiu um aviso de aviação civil alertando que está fechando praticamente todo o espaço aéreo do leste da Ucrânia na fronteira com a Rússia, de acordo com um grupo de monitoramento.
O Open Source Intelligence Monitor diz que nenhum "limite ou prazo para término" foi fornecido até agora por Moscou.
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