Fazendo ouvidos moucos às críticas, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta segunda-feira (21) o fim do isolamento obrigatório na Inglaterra para os casos positivos de covid, uma medida chave e controversa em sua estratégia para conviver com a covid-19 como se faz com a gripe.
"Já temos níveis de imunidade suficientes para passar da proteção das pessoas através de intervenções governamentais a (uma abordagem baseada em) vacinas e tratamentos como primeira linha de defesa", declarou o chefe do governo no Parlamento.
"As restrições têm um custo importante para nossa economia, nossa sociedade, nosso bem estar mental e as oportunidades dos nossos filhos e não temos que continuar pagando este preço por mais tempo", acrescentou.
O fim do isolamento para as pessoas infectadas com a covid-19 entra em vigor na próxima quinta-feira. No entanto, até 1º de abril, recomenda-se permanecer em casa em caso de teste positivo.
Nesse dia, os testes para detectar o coronavírus deixarão de ser gratuitos, exceto para as pessoas idosas ou vulneráveis.
Johnson destacou que a pandemia não acabou, mas que graças à "incrível" dispersão das vacinas, o país está um passo mais perto de "voltar à normalidade" e de "finalmente devolver a liberdade às pessoas", sem deixar de se proteger.
Johnson ressaltou que mais de 71% dos adultos receberam três doses de alguma das vacinas anticovid na Inglaterra, 93% da população de mais de 70 anos.
Ao mesmo tempo, o governo tenta continuar com sua campanha de vacinação, com a aplicação "na primavera" no hemisfério norte da quarta dose da vacina para maiores de 75 anos e os mais vulneráveis.
Após o pico provocada pela variante ômicron em janeiro, Johnson tinha suspenso a maioria das restrições em vigor, como o uso de máscaras em ambientes fechados e o passaporte sanitário para acessar discotecas ou eventos maciços.
Dois anos depois do início da pandemia, o Reino Unido é uma das nações mais afetadas pela covid-19, com 160.000 mortos.
Embora o número de casos tenha diminuído com força no Reino Unido (cerca de 40.000 por dia), a própria rainha Elizabeth II testou positivo para a covid-19, segundo informações divulgadas no domingo. A monarca de 95 anos tem um quadro leve com sintomas similares aos de um resfriado.
Na área da saúde, as decisões do governo de Londres se limitam à Inglaterra, enquanto os outros três países do Reino Unido (Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte) têm suas próprias competências sanitárias.
"Pouco sábio"
Os partidos da oposição acusam Johnson de querer distrair a atenção em um momento em que seu cargo está em perigo pela investigação de uma série de festas na residência oficial de Downing Street durante o confinamento.
Os trabalhistas compararam a medida de eliminar os exames gratuitos a "substituir sua melhor defesa a dez minutos do fim de uma partida".
"Boris Johnson está declarando vitória antes do fim da guerra, em uma tentativa de distrair a atenção da polícia que bate à sua porta", criticou a porta-voz de questões de saúde do Partido Trabalhista, Wes Streeting.
Ele também é acusado de querer agradar os representantes conservadores, insatisfeitos com as restrições às liberdades públicas.
Por sua vez, a Confederação dos NHS, que representa os mais altos dirigentes do sistema nacional de saúde, informaram que uma consulta interna destacou que a maioria de seus membros se opõem a pôr fim às medidas de isolamento e dar testes gratuitos à população.
David Nabarro, um delegado da Organização Mundial da Saúde especializado em covid, expressou que eliminar a lei sobre o isolamento dos contagiados parece "realmente pouco sábio".
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