Proteção

Reserva de Lwiro, um oásis para primatas traumatizados na RDC

Na reserva de Lwiro, os animais não são só bem alimentados, como também desfrutam de atendimento médico e psicológico para se recuperarem de seus traumas

Agência France-Presse
postado em 21/02/2022 10:36 / atualizado em 21/02/2022 10:36
 (crédito: Guerchom NDEBO / AFP)
(crédito: Guerchom NDEBO / AFP)

Bukavu, RD Congo- Sozinhos ou em grupos, grandes macacos saltam de um galho ao outro enquanto as fêmeas, com os bebês em suas costas, abrem passagem na reserva verde do Centro de Reabilitação de Primatas de Lwiro (CRPL), localizado no leste da República Democrática do Congo (RDC).

Criado em 2002 pelo Instituto para a Conservação da Natureza (ICCN, um órgão público congolês) em conjunto com o Centro de Pesquisa em Ciências Naturais (CRSN), o CRPL se encontra em meio ao Parque Nacional Kahuzi Biega.

Localizado 45 quilômetros ao oeste de Bukavu, capital da província de Kivu do Sul, este centro acolhe, entre muitos outros, chimpanzés, gorilas, bonobos (chimpanzés-pigmeus) e outros pequenos macacos órfãos ou resgatados da caça furtiva nesta região assolada pela insegurança fruto dos confrontos e ataques de dezenas de grupos armados.

Na reserva de Lwiro, os animais não são só bem alimentados, como também desfrutam de atendimento médico e psicológico para se recuperarem de seus traumas.

A maioria dos macacos que vivem no CRPL foi "retirada de caçadores furtivos" ou "de pessoas que os têm de forma ilegal", afirmou à AFP o diretor do centro, Sylvestre Libaku.

"Esses bebês chimpanzés órfãos chegam aqui como consequência da insegurança e da guerra", acrescenta, enquanto pede às autoridades de Kinshasa para que pacifiquem esta região para "permitir que os animais vivam tranquilamente em seu habitat natural".

Estabilizar um animal requer várias semanas e até meses de esforços. É, por exemplo, o caso de Tarzan, um chimpanzé que foi acolhido em junho do ano passado em Bunia (província de Ituri) e que ainda vive afastado, sob quarentena. Tarzan ainda apresenta feridas não cicatrizadas no crânio, mas "agora está melhor. Os pelos estão começando a crescer, mas ele ainda deve permanecer em uma gaiola antes de conviver com os outros", explica Libaku.

Em seu laboratório, Damien Muhugura manipula as amostras tomadas de animais doentes. "Realizamos análises parasitológicas para buscar, por exemplo, vermes intestinais, assim como bacteriológicos e bioquímicos...", explica.

O centro acolhe atualmente 110 chimpanzés que consomem seis quilos de comida (frutas, cereais, verduras) diária per capita, enquanto os filhotes são alimentados com mamadeira.

Uma espécie de oásis em meio ao enorme e ameaçado Parque Kahuzi Biega, o CRPL conta com apenas 4 hectares de superfície.

Muitos animais vêm de grandes florestas, nas quais perambulam em absoluta liberdade, e aqui "se sentem prisioneiros", devido ao espaço muito pequeno, afirma o veterinário Assumani Martin, que trabalha no CRPL.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação