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Biden e Putin aceitam conversar, diz Macron

Cúpula entre americano e líder russo, para tentar conter a escalada bélica, foi negociada pelo presidente francês, em dia e formato a serem definidos. Mas encontro só deve ocorrer se Moscou não deflagrar, antes, ataque à Ucrânia

Correio Braziliense
postado em 21/02/2022 00:01
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

A Rússia e a Ucrânia pediram que os esforços diplomáticos para evitar a guerra sejam intensificados, mas trocaram acusações sobre a responsabilidade pela escalada das hostilidades na linha de frente que separa o território ucraniano de áreas controladas por rebeldes pró-Rússia.

Moscou e Kiev pediram mais diálogo depois que o presidente francês Emmanuel Macron teve uma longa conversa telefônica com Vladimir Putin e, logo depois, com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.

Em seguida, o dirigente francês ligou para o presidente americano, Joe Biden. Mais tarde, anunciou que tanto Biden quanto Putin concordaram em realizar uma cúpula para discutir a crise, em data e formato ainda a serem definidos. Segundo Macron, o encontro só não acontecerá se a Rússia deflagrar, antes, um ataque ao país vizinho.
A presidência francesa descreveu as negociações de ontem como um dos "últimos esforços possíveis e necessários para evitar um grande conflito na Ucrânia".

Países ocidentais liderados pelos Estados Unidos acusam a Rússia de mobilizar mais de 150 mil soldados na fronteira da Ucrânia para lançar um ataque. Washington reitera frequentemente que a invasão pode ocorrer "a qualquer momento".

A presidência francesa descreveu as negociações de ontem como um dos "últimos esforços possíveis e necessários para evitar um grande conflito na Ucrânia".

Essas trocas ocorrem em meio a crescentes hostilidades no Leste da Ucrânia, onde separatistas pró-Rússia que se revoltaram contra Kiev estão travando um conflito que já matou mais de 14 mil pessoas desde 2014.

Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, respondeu que o presidente dos EUA, Joe Biden, está disposto a "encontrar" Putin, "a qualquer momento, em qualquer formato, se isso ajudar a evitar uma guerra".

Durante a conversa com Macron, que durou 1 hora e 45 minutos, Putin culpou as "provocações" do governo ucraniano pela escalada dos combates com separatistas no Leste daquele país, informou o Kremlin.

O presidente russo também disse que as entregas ocidentais de armas e munições modernas para as forças ucranianas estão "empurrando Kiev para uma solução militar" em seu conflito com os separatistas pró-russos, que começou em 2014.

Putin pediu à Organização do Tratado do Atlêntico Norte (Otan) e aos Estados Unidos que "levem a sério" as exigências de segurança da Rússia, como a retirada de sua infraestrutura militar do Leste Europeu e um veto à entrada da Ucrânia na aliança.

Por fim, a presidência russa informou que ambos os líderes "concordaram que é conveniente intensificar a busca de soluções pelos canais diplomáticos".

O Palácio do Eliseu informou que os dois líderes concordaram com "a necessidade de dar prioridade a uma solução diplomática para a crise atual e em fazer todo o possível para alcançá-la".

Após a ligação para Macron, Zelensky pediu um cessar-fogo "imediato" e convocou uma reunião urgente do Grupo de Contato Trilateral, que inclui Ucrânia, Rússia e a Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

A OSCE marcou a reunião de emergência para hoje. Esses contatos diplomáticos ocorrem depois que os temores de que o conflito poderia escalar dominaram a primeira parte do dia.

Pouco antes da ligação entre Macron e Putin, Belarus anunciou que prosseguem os exercícios militares conjuntos com a Rússia em seu território, perto da fronteira com a Ucrânia.

A permanência das tropas russas em território bielorrusso no momento em que estavam programadas para retornar ao seu país alimentou temores nos países ocidentais de que a Rússia invadiria a Ucrânia, e foi criticada pela oposição em Minsk.

Moscou havia anunciado que suas tropas se retirariam ontem de Belarus, após uma série de exercícios militares.

Artilharia no front

Explosões de artilharia foram ouvidas na linha de frente que separa as forças de Kiev das tropas separatistas, na noite de sábado.

Em sintonia com o tom dos Estados Unidos e da Otan, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que a Rússia prepara o que poderá constituir "a maior guerra na Europa desde 1945".

Ele também alertou que a invasão não atacaria apenas a Ucrânia a partir do Leste, mas também do Norte, de Belarus, para "cercar Kiev", disse em entrevista à TV pública inglesa BBC.

Enquanto isso, o presidente do Conselho Europeu, o belga Charles Michel, indicou ontem que os países ocidentais não podem "oferecer indefinidamente um ramo de oliveira enquanto a Rússia realiza testes de mísseis e continua a acumular tropas" na fronteira ucraniana.

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