Crise internacional

Putin minimiza alertas dos EUA e aliados europeus e mantém testes com mísseis

Na zona disputada por rebeldes pró-Rússia, dois soldados ucranianos morrem

Correio Braziliense
postado em 20/02/2022 06:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

O presidente ucraniano, Volodomir Zelensky, fez um apelo, ontem, às potências ocidentais que defendam irrestritamente seu país contra uma possível invasão da Rússia, que testou mísseis com capacidade nuclear perto da fronteira com a Ucrânia.

Zelensky pediu aos aliados, durante um fórum da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) sobre a crise, em Munique (Alemanha), que abandonem a estratégia de "apaziguamento" da Rússia.

"Todos devem entender que não são contribuições de caridade que a Ucrânia pede. É sua contribuição para a segurança da Europa e do mundo, do qual a Ucrânia tem sido o escudo por oito anos", acrescentou Zelensky.

O presidente referia-se ao início do conflito com separatistas pró-Rússia no leste do país e à anexação da península da Crimeia pela Rússia em 2014. Observadores da OSCE alertaram para um "aumento drástico" nas violações do cessar-fogo de 2015. Segundo o exército ucraniano, dois soldados foram mortos neste sábado em um bombardeio.

Em discurso, Zelensky pediu um cronograma "claro e viável" para a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlêntico Norte (Otan), uma aliança militar entre os Estados Unidos e as principais potências europeias. Essa adesão representaria uma linha vermelha para a Rússia, que exige precisamente garantias de que a Otan nunca admitirá a Ucrânia como integrante do acordo e que a região não receberá reforços militares do Ocidente.

Zelensky propôs um encontro com Putin para esclarecer quais são suas intenções. "Não sei o que o presidente russo quer, então, proponho que nos encontremos", declarou.

"Todos os sinais indicam que a Rússia está planejando um ataque total à Ucrânia", declarou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, a uma televisão alemã. "Todos concordamos que o risco de um ataque é muito alto", acrescentou Stoltenberg, que participou da Conferência de Segurança em Munique.

A Otan informou que está transferindo seu pessoal de Kiev para Lviv, no oeste da Ucrânia, ou para Bruxelas, onde está sediada, como medida de "segurança". Vários países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, já fizeram o mesmo.

O presidente dos EUA, Joe Biden, disse, na sexta-feira, estar "convencido" de que Putin decidiu invadir a Ucrânia e que a multiplicação de incidentes no leste daquele país busca criar uma "falsa justificativa" para que a Rússia inicie o ataque nos próximos dias.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, reforçou ontem que, se a Rússia atacar a Ucrânia, as forças da Otan na Europa Oriental serão reforçadas e os países ocidentais imporão sanções econômicas "duras e rápidas" contra Moscou.

Putin e os mísseis

Putin minimizou, na sexta-feira, as ameaças de retaliação econômica. "As sanções serão introduzidas não importa o que aconteça. Se houver uma razão ou não, eles (os países da Otan) encontrarão uma, porque seu objetivo é impedir o desenvolvimento da Rússia", acusou.

Só que os confrontos com separatistas no Leste da Ucrânia e a evacuação de civis daquela região para a Rússia deram argumentos a quem diz que Putin está se preparando para ordenar a invasão.

Putin supervisionou, ontem, exercícios "estratégicos" com disparos de mísseis "hipersônicos" — novas armas que o chefe do Kremlin descreveu recentemente como "invencíveis" e que podem transportar bombas nucleares.

"Os objetivos planejados durante os exercícios das forças estratégicas de dissuasão foram totalmente cumpridos. Todos os mísseis atingiram os alvos estabelecidos", informou a presidência russa em comunicado.

A televisão pública russa mostrou Putin ao lado do aliado bielorrusso Alexander Lukashenko, em uma sala de crise, ouvindo os relatórios de seus generais.

Washington estima que a Rússia tenha 190 mil soldados nas fronteiras e em território da Ucrânia, incluindo forças rebeldes separatistas em Donetsk e Lugansk.

Cerca de 30 mil soldados russos também estão participando de exercícios conjuntos na Bielorrússia. Moscou diz que as tropas retornarão ao quartel quando os exercícios terminarem, amanhã.

 


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