O primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, anunciou nesta segunda-feira (14) que a província canadense abandonará o passaporte de vacinação contra a covid, alvo de protestos desde o final de janeiro.
"Vamos nos livrar dos passaportes", disse Ford em entrevista coletiva, afirmando que a grande maioria das pessoas foi vacinada e que o pico de casos causados pela variante ômicron já passou.
O fim das medidas sanitárias é exigido por um movimento de protesto que incluiu bloqueios nas fronteiras e que paralisou a capital federal, Ottawa, localizada em Ontário, por mais de duas semanas.
A província, a mais populosa do Canadá, voltou a impor no final de dezembro, à semelhança de outras regiões do país, medidas muito rigorosas face ao aumento de infeções.
Ford disse estar "pronto" para acelerar o "plano de reabertura" e que a partir de 17 de fevereiro as medidas serão eliminadas, "exceto em casas de shows, teatros e eventos esportivos, que terão um limite de 50%".
Ottawa paralisada
O primeiro-ministro canadense Justin Trudeau também deve usar a lei de medidas de emergência para encerrar o assunto, disse o canal CBC.
Essa lei pode ser invocada em caso de "crise nacional" e confere maiores poderes ao governo federal. Trudeau deve discutir o assunto neste dia com todos os governos provinciais.
Ottawa foi o epicentro dos protestos. No sábado, a polícia disse que cerca de 4.000 manifestantes ainda ocupavam o centro da cidade, no terceiro fim de semana da mobilização.
O clima entre os manifestantes era principalmente festivo, com música, dança e o som constante de buzinas, mas o barulho, os bloqueios e, às vezes, o comportamento rude e agressivo atormentam os comércios da área e enfurecem os moradores.
Apesar das reclamações e transtornos, a mobilização dos caminhoneiros mostra um impacto significativo, já que segundo uma pesquisa de opinião, cerca de um terço dos canadenses apoiam o protesto.
Passagem de fronteira liberada
O anúncio veio depois que a Ambassador Bridge, uma importante passagem de fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá, voltou a operar na segunda-feira, depois que a polícia encerrou um bloqueio de caminhões de uma semana no domingo.
O bloqueio dessa ponte que une a cidade de Windsor, em Ontário, a Detroit, nos Estados Unidos, por onde passa cerca de 25% do comércio entre os dois países, obrigou as montadoras de ambos os lados da fronteira a interromper ou reduzir a produção.
A situação levou as autoridades de Ontário a declarar estado de emergência na sexta-feira, e a suprema corte provincial a ordenar que os caminhoneiros acabassem com o bloqueio.
"A Ambassador Bridge está agora totalmente aberta", disse a Detroit International Bridge Company em comunicado. O Canada Border Services confirmou a reabertura no Twitter, embora tenha dito que "viagens não essenciais não são recomendadas". A polícia no sábado começou a limpar a ponte, removendo caminhões com sucesso, mas alguns manifestantes permaneceram, impedindo o tráfego.
Mas no domingo, a polícia conseguiu abrir caminho após a prisão de 25 a 30 pessoas. "Haverá tolerância zero para atividades ilegais", tuitou a polícia de Windsor.
Replicando o movimento
Os caminhoneiros encontraram apoio entre os conservadores e aqueles que se opõem às ordens de vacinação contra o coronavírus em todo o mundo, mesmo quando as medidas anticovid estão sendo suspensas em muitos lugares.
As manifestações inspiraram movimentos semelhantes, chamados de "comboios da liberdade", em vários países europeus, Austrália e Nova Zelândia. Alguns caminhoneiros dos EUA estão considerando realizar um protesto em março.
A polícia disparou gás lacrimogêneo em Paris no sábado e emitiu centenas de multas em um esforço para desmantelar comboios vindos de toda a França.
Holanda, Suíça e Áustria também foram palco de protestos, e a Bélgica anunciou nesta segunda-feira que a polícia interceptou 30 veículos como parte de uma operação para conter uma caravana semelhante.
Os manifestantes tentavam seguir para o norte, para a sede da União Europeia, desafiando a proibição belga de protestar.
"Até agora vimos entre 400 e 500 veículos... carros, trailers e pequenas vans. Cerca de 30 ou mais foram bloqueados e os outros 'sumiram'", disse o prefeito de Bruxelas, Philippe Close, ao jornal Première (do serviço belga de rádio e TV em francês, RTBF).
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