Biden e Putin conversam em meio às tensões da Ucrânia para evitar conflito

As negociações ocorrem às vésperas da viagem de Bolsonaro à Rússia

Deborah Hana Cardoso

postado em 12/02/2022 17:29

(crédito: Mandel Ngan/AFP)

Em meio à escalada nas tensões entre Rússia e Estados Unidos por causa da interferência da Otan na Ucrânia — um país que funciona como um cinturão para os russos contra as interferências ocidentais —, os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin conversaram por mais de uma hora neste sábado (12/2). O diálogo foi um último esforço para impedir uma invasão russa na Ucrânia. A Casa Branca informou que o Kremlin sugeriu a ligação e Biden aceitou.

Ainda hoje, Rússia e EUA pediram que as embaixadas de Kiev, capital do país, fossem esvaziadas. Além do esvaziamento, Biden já havia pedido em (11/2) que americanos residentes na Ucrânia deixassem o país, a recomendação foi seguida por Reino Unido, Holanda, Canadá e Japão. Os EUA e seus aliados “responderão decisivamente e imporão custos rápidos e severos à Rússia”, disse a Casa Branca em comunicado.

As rusgas acontecem no pior momento para o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem viagem marcada à Rússia nesta segunda-feira (14/2) e cancelar ocasionaria em uma indisposição com Putin, demonstrando um presidente servil aos interesses americanos — um postura criticada durante a gestão de Donald Trump. Já, mantê-la, também prejudica ainda mais a relação do Brasil com os EUA no atual governo.

Porém, a preocupação não está na viagem em si, mas na demonstração de alinhamento ideológico de Bolsonaro a Putin, que já elogiou suas “qualidades masculinas”. A ida à Rússia e à Hungria é vista como aceno ao eleitorado interno — uma tentativa de evitar o discurso de que Bolsonaro está isolado no cenário geopolítico, mesmo estando.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, também conversou com seu colega, Sergei Lavrov, neste sábado para pedir "uma resolução diplomática para o aumento militar não provocado da Rússia em torno da Ucrânia". Blinken também pediu em janeiro ao chanceler brasileiro, Carlos França, o cancelamento da viagem de Bolsonaro.