Menos da metade do globo vive sob algum tipo de regime democrático, de acordo com o Índice de Democracia de 2021, divulgado nesta quinta-feira (10) pela Economist Intelligence Unit (EIU). A publicação salienta que a situação piorou em todo o planeta, já que a porcentagem era de 49,4% em 2020 e passou para 45,7% no ano passado, considerado um "declínio significativo".
A pesquisa da EIU aponta que apenas 6,4% da população mundial reside em uma "democracia plena". O nível também caiu, de 8,4% em 2020, depois que Chile e Espanha foram rebaixado para "democracias imperfeitas". "Substancialmente mais de um terço da população mundial (37,1%) vive sob regime autoritário, com grande parte na China", pontuou a publicação.
No Índice de Democracia de 2021, 74 dos 167 países e territórios abrangidos pelo modelo, ou 44,3% da no total, são consideradas democracias. O número de "democracias plenas" caiu para 21 em 2021, de 23 no ano anterior. O número de "democracias imperfeitas" aumentou em uma, para 53. Dos 93 países restantes no índice, 59 são "regimes autoritários", contra 57 em 2020, e 34 são classificados como "regimes híbridos", abaixo dos 35 registrados em 2020.
O índice anual do globo registrou no ano passado sua maior queda desde 2010, chegando a 5,28 pontos, a pior marca desde que o indicador começou a ser publicado, em 2006. "Esta edição do Índice de Democracia registra como a democracia global se saiu em 2021. Os resultados refletem o contínuo impacto negativo da pandemia de covid-19 na democracia e na liberdade em todo o mundo pelo segundo ano consecutivo. A pandemia resultou em uma retirada sem precedentes das liberdades entre democracias desenvolvidas e regimes autoritários, por meio da imposição de bloqueios e restrições de viagens e, cada vez mais, a introdução de 'passes verdes' que exigem comprovante de vacinação contra covid-19 para participação na vida pública. Isso levou à normalização de poderes de emergência, que tendem a ficar nos livros de estatuto, e acostumaram os cidadãos a uma enorme extensão do poder do Estado sobre grandes áreas da vida pública e pessoal", analisou a EIU.
Por região, os melhores resultados de 2021 ficaram com a América do Norte (8,36) e a Europa Ocidental (8,22). Bem atrás estão América Latina (5,83), Ásia e Australásia (5,46), Europa Oriental (5,36), África Subsariana (4,12) e Oriente Médio e Norte da África (3,41).
China
"Desafio China" é título do Índice de Democracia de 2021 divulgado nesta quinta-feira pela Economist Intelligence Unit - por ser o país um grande expoente do regime autoritário. "Qual é o desafio que a China representa para a democracia, o modelo de governo ao qual a maioria das pessoas no mundo aspirou no século passado? A potência desse desafio político está inextricavelmente ligado ao incrível sucesso econômico da China nas últimas três décadas", avaliou a publicação.
A EIU destacou que a economia chinesa cresceu quase o triplo do ritmo da economia dos Estados Unidos em termos de PIB nominal desde 1990, transformando a China, de um país em desenvolvimento pobre, em uma superpotência, com o segundo maior PIB do mundo. "Os governantes da China tornaram-se mais confiantes sobre promulgar a suposta superioridade de seu sistema sobre o do Ocidente, e a pandemia de covid-19 acentuou essa tendência", considerou.
A formuladora do índice salientou que, ignorando as origens da pandemia em Wuhan, na China, e o fracasso de suas autoridades em alertar o mundo sobre o desastre que se desenvolvia, os líderes daquela país citam a pandemia como prova de que seu sistema político é superior ao modelo democrático liberal. "Enquanto continua a bloquear milhões de cidadãos em busca de uma política de zero covid no terceiro ano da pandemia, os políticos chineses acusaram os governos ocidentais de terem administrado mal o momento de emergência pública de saúde ao custo de centenas de milhares de vidas. Essas alegações se sustentam e quais vantagens, se houver, o sistema de governança da China confere aos seus cidadãos em comparação com aqueles que residem em uma democracia?", questionou.
Não à toa, o país asiático aparece na 148ª colocação do ranking, que considera 167 nações. No ano passado, a China teve 2,21 de pontuação contra 2,27 de 2020. Desde 2019, o total de pontos do país está na casa de 2, assim como estava quando o índice começou a ser divulgado em 2006 (2,97). De 2008 a 2018, a China recebeu pontuações na casa de 3.
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