Varsóvia, Polónia | Testemunhas da tensão entre a Rússia e os países ocidentais, desconhecida desde o fim da Guerra Fria, os países do antigo bloco comunista mantêm posições firmes e alertam para os riscos de se fazer concessões a Moscou.
A retórica francesa sobre as preocupações "legítimas" da Rússia, juntamente com os estreitos laços energéticos da Alemanha com Moscou, fazem a Polônia e os Países Bálticos, por exemplo, desconfiarem da diplomacia das grandes potências.
"A Polônia tem a posição mais determinada e firme contra o que a Rússia está fazendo", disse esta semana o chefe de Segurança Nacional, Pawel Soloch.
A declaração de Soloch foi dada após a reunião de terça-feira (8), em Berlim, entre os líderes de França, Alemanha e Polônia. O encontro se concentrou na tensão com a Rússia, cujo acúmulo de tropas na fronteira ucraniana levanta temores de uma guerra.
O presidente polonês, Andrzej Duda, insiste na necessidade de os países ocidentais mostrarem uma posição unida.
"Devemos mostrar que é impossível nos dividir", declarou em Berlim.
Na quarta-feira (8), a primeira-ministra estoniana, Kaja Kallas, repetiu esta opinião: "Não vamos questionar os princípios fundamentais, incluindo o direito de cada nação de escolher seu próprio caminho. Devemos permanecer firmes e unidos".
A Rússia pede que a Ucrânia seja permanentemente barrada da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e quer que a aliança reduza sua presença militar nos países do antigo bloco comunista.
"Lembranças e percepção da ameaça"
De acordo com Marcin Zaborowski, especialista em política de Varsóvia, "não é nenhum segredo que a Polônia tem uma abordagem diferente da crise ucraniana da Alemanha e da França".
"A Polônia é o maior apoiador da Ucrânia na Europa. Temos a fronteira mais longa com aquele país, a maior diáspora", analisa o diretor político do "think tank" Globsec.
"Se a Ucrânia cair na esfera de influência russa, isso teria consequências negativas diretas para a segurança da Polônia", observou Zaborowski.
O mesmo vale para os países bálticos, que, segundo ele, parecem ainda mais beligerantes e já forneceram armas para a Ucrânia, antes mesmo da Polônia.
Como ex-repúblicas soviéticas, os Estados bálticos também temem ser alvos da Rússia.
"Todos os países da Europa Central e do Leste sofreram com a ocupação russa, que, por muito tempo, impediu-os de entrar na UE", diz o editor-chefe do grupo de análise Visegrad Insight, Wojciech Przybylski.
O presidente russo, Vladimir Putin, está ciente da delicada situação nesses países, embora negue que sua preocupação seja justificada.
"Os países bálticos e outros países vizinhos supostamente não se sentem seguros. Por quê? Não está claro", disse ele esta semana durante uma entrevista coletiva com seu colega francês, Emmanuel Macron.
"De qualquer forma, usam isso como pretexto para construir uma política hostil em relação à Rússia", insistiu, destacando o fato de esses países estarem fornecendo armas modernas para a Ucrânia.
De acordo com Przybylski, a Europa Central está mostrando uma significativa "determinação em seu apoio direto à Ucrânia".
Segundo o especialista, apesar do desejo de Putin de ver a Europa dividida, "a unidade prevalece", e não há sentimento de que França e Alemanha queiram ignorar os interesses dos países da Europa Central.
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