A acentuada diminuição dos casos de covid-19 provocados pela variante ômicron em países europeus e nos Estados Unidos tem levado à revisão das restrições. Ontem, seguindo o exemplo de outros estados americanos governados por democratas, Nova York anunciou, oficialmente, o fim da obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços fechados. Na Europa, a Suécia derrubou, ontem, quase todas as medidas, inclusive, a utilização do acessório em transportes públicos. O Reino Unido pode dar um passo ainda mais largo, com o fim do isolamento para quem testar positivo para o Sars-CoV-2. Em comum, a ideia de lançar as bases para aprender a viver com o coronavírus.
Nos Estados Unidos, a revogação do uso de máscaras, além da redução de casos da doença, tem uma conotação política, que ganha peso com a proximidade das eleições legislativas de novembro, decisivas para o presidente Joe Biden. A obrigatoriedade de cobrir o rosto é considerada uma violação das liberdades individuais por grande parte da direita e do Partido Republicano. Nunca uma medida do tipo esteve em vigor em estados governados por republicanos, como Flórida ou Texas.
Antes de Nova York, os estados da California, Nova Jersey e Connecticut, todos sob o comando de democratas, adotaram medidas idênticas. Ao anunciar a decisão, a governadora Kathy Hochul assinalou que todos os indicadores de saúde estão em queda. "É um panorama magnífico (...) Não acabamos, mas a tendência está muito, muito bem encaminhada. Por isso, agora, estamos considerando uma nova fase da pandemia", disse. Em 2020, o estado foi o epicentro da pandemia, com mais de 38 mil mortes em dois anos só na cidade de Nova York.
A partir de agora, não haverá mais a imposição da máscara em lojas, restaurantes e empresas — ficará a critério dos municípios e dos comerciantes e empresários. No entanto, a obrigatoriedade do uso da proteção será mantida até março nas escolas, lares de idosos, centros sociais e prisões.
Por enquanto, o acessório também continuará sendo compulsório nos transportes públicos — trens, metrôs, ônibus, aeroportos — regidos pela legislação federal. Isso porque, a nível nacional, prevalece a obrigatoriedade. "Chegará o dia em que a covid deixará de perturbar o nosso cotidiano", sinalizou Jeffrey Zients, coordenador do combate à pandemia da Casa Branca.
Os casos da doença estão em queda livre nos Estados Unidos, com pouco menos de 250 mil contágios diários, em média, por sete dias consecutivos, segundo as autoridades sanitárias. Um patamar bem longe do pico de 800 mil casos, alcançado em meados de janeiro. No entanto, em 4 de fevereiro o país superou a marca das 900 mil mortes por covid-19 em quase dois anos, segundo a Universidade Johns Hopkins. A média de óbitos diários continua acima de 2 mil.
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Sem quarentena
No Reino Unido, estimulado pela redução de diagnósticos e de internações, o primeiro-ministro Boris Johnson anunciou que planeja levantar, a partir do fim do mês, o requisito de isolamento para as pessoas que testarem positivo para o coronavírus. Em um discurso aos deputados, afirmou que pretende voltar ao Parlamento, após o recesso de inverno, "para apresentar nossa estratégia para viver com a covid".
"Sempre que houver as tendências animadoras atuais, espero que possamos levantar as restrições nacionais restantes, incluindo o requisito legal de se isolar se apresentar resultado positivo, um mês antes", destacou. Essa medida expiraria normalmente em 24 de março.
Um dos países mais castigados da Europa pela pandemia, com quase 159 mil mortes, o Reino Unido registrou uma onda da ômicron no início do ano, com um recorde de infecções diárias que superava as 200 mil. Nas últimas semanas, os casos positivos começaram a cair consideravelmente.
Com isso, em meados de janeiro, Johnson decidiu levantar a maioria das restrições impostas, como o teletrabalho e o uso de máscaras em lugares fechados. Na época, sinalizou que não tinha a intenção de prolongar a lei que impõe uma quarentena de 5 a 10 dias a quem for positivo para o coronavírus.
Na Suécia, a primeira-ministra Magdalena Andersson também decretou uma nova fase na convivência com o novo coronavírus. Praticamente todas as restrições foram revogadas, numa decisão que levou em conta o elevado índice de vacinação — 83% da população com mais de 12 anos — e queda nos contágios.
O funcionamento de bares, restaurantes e boates foi ampliado. Além disso, não é mais obrigatório o uso de máscaras em transportes coletivos, nem a apresentação de cartões de vacina para ingresso em locais públicos. Diferentemente de outros países europeus, a Suécia não chegou a adotar medidas duras de restrições, sendo alvo de críticas no auge da pandemia. Com mais casos e mortes pela doença em relação a vizinhos escandinavos, o governo admitiu ter adotado uma estratégia equivocada.
Após um início de ano bem conturbado, a Europa, agora, experimenta uma fase de tranquilidade. Na semana passada, Hans Kluge, diretor da OMS (Organização Mundial da Saúde) para o continente desenhou um cenário otimista. "É uma trégua que pode nos trazer uma paz duradoura", estimou.
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