Sydney, Austrália | Duas defensoras das vítimas de abuso sexual criticaram nesta quarta-feira (9) o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, por sua resposta às denúncias de assédio e intimidação no Parlamento.
A ex-funcionária pública Brittany Higgins, cuja denúncia de ter sido estuprada no Parlamento provocou protestos no país, afirmou que "muito pouco mudou" desde que revelou sua experiência em 2021.
Higgins expressou tristeza e decepção em um discurso sobre as ações do governo conservador do qual foi funcionária.
Ela disse que a resposta do primeiro-ministro a suas denúncias, na qual ele citou suas filhas e a esposa, foram "chocantes e, em alguns momentos, um pouco ofensivas".
"Eu não queria sua simpatia como pai. Eu queria que ele usasse seu poder como primeiro-ministro", afirmou.
Grace Tame, uma sobrevivente de abuso sexual infantil, também criticou a atuação de Morrison.
"A menos que nossos líderes assumam total responsabilidade por suas próprias falhas, a cultura do abuso continuará a avançar dentro do Parlamento, estabelecendo um padrão corrupto para o resto da nação", advertiu.
As denúncias das duas mulheres provocaram um debate nacional e várias investigações governamentais.
Uma das investigações, que resultou em um relatório de 450 páginas, determinou que um terço das pessoas que trabalham no Parlamento e outros prédios federais foram vítimas de assédio sexual no local de trabalho.
Em resposta ao relatório, Morrison pediu desculpas diretamente a Higgins.
Eu peço desculpas a senhora Higgins pelas coisas terríveis que aconteceram aqui (...) Mas eu sinto ainda mais por todas aquelas que antes da senhora Higgings suportaram o mesmo", afirmou.
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