A Coreia do Norte divulgou fotos que afirma terem sido tiradas após lançamento de míssil mais potente em cinco anos.
As fotos raras, tiradas do espaço, mostram partes da península coreana e áreas vizinhas.
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Pyongyang confirmou nesta segunda-feira (31/01) que testou um míssil balístico de alcance intermediário (IRBM, na sigla em inglês) Hwasong-12.
Em sua potência máxima, ele é capaz de viajar milhares de quilômetros, colocando áreas como o território americano de Guam ao seu alcance.
O teste voltou a acender o alerta entre a comunidade internacional.
Pyongyang realizou um número recorde de sete lançamentos de mísseis apenas no mês passado — uma intensa onda de atividade que foi fortemente condenada pelos EUA, Coreia do Sul, Japão e outras nações.
A Organização das Nações Unidas (ONU) proíbe a Coreia do Norte de realizar testes de armas balísticas e nucleares — e impõe sanções severas. Mas o país desafia regularmente a proibição.
Autoridades dos EUA disseram nesta segunda-feira que o recente aumento nas atividades justifica novas negociações com Pyongyang.
O que aconteceu no lançamento do Hwasong-12?
A Coreia do Sul e o Japão foram os primeiros a denunciar o lançamento no domingo, após detectá-lo em seus sistemas antimísseis.
Eles estimam que o míssil percorreu uma distância moderada para um IRBM, cerca de 800 km, e atingiu uma altitude de 2.000 km antes de pousar nas águas do Japão.
Em sua potência máxima e em uma trajetória padrão, o míssil é capaz de viajar até 4.000 km.
A Coreia do Norte confirmou o lançamento do míssil nesta segunda-feira, por meio de reportagens na imprensa estatal. Os testes insubordinados do país são normalmente divulgados pela imprensa estatal um dia após sua ocorrência.
A agência de notícias estatal KCNA informou que o teste do míssil foi realizado para "verificar sua precisão". E foi angulado propositalmente para pousar "levando em consideração a segurança dos países vizinhos".
A imprensa estatal também publicou imagens raras, algumas das quais afirma terem sido tiradas por uma câmera instalada na ogiva do míssil.
Uma das imagens revela o momento do lançamento e outra aparentemente mostra o míssil em pleno voo, tirada de cima.
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, não estava presente para observar o lançamento de domingo, diferentemente de três semanas atrás, quando fotos mostraram sua participação no lançamento de um teste de míssil hipersônico — um tipo mais avançado de tecnologia, desenvolvida para burlar os sistemas de detecção de mísseis.
Estes mísseis só foram testados pela Coreia do Norte três vezes no total.
Por que a Coreia do Norte disparou o míssil?
Ankit Panda, analista da Coreia do Norte, disse que a ausência de Kim e a linguagem usada na imprensa para descrever o lançamento sugerem que este teste teve como objetivo verificar se o sistema de mísseis funcionava como deveria, em vez de exibir novas tecnologias.
Ainda assim, é a primeira vez que o Hwasong-12, um míssil com capacidade nuclear de porte significativo, é lançado desde que a Coreia do Norte começou a dialogar com os EUA durante o governo do ex-presidente Donald Trump — o que levou a uma desaceleração nas atividades de mísseis.
A última vez que o Hwasong-12 foi testado foi em 2017, quando Pyongyang o lançou seis vezes, incluindo duas vezes sobre a ilha japonesa de Hokkaido, o que disparou o alerta para os moradores de lá.
Em 2018, depois que Kim encontrou Trump, a Coreia do Norte anunciou uma suspensão nos testes de armas nucleares e mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) de maior alcance.
Mas no ano seguinte, à medida que as relações azedaram, Kim disse que eles não estavam mais presos à declaração de moratória.
No domingo, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, disse que com o último lançamento, a Coreia do Norte "chegou perto de destruir a declaração de suspensão".
Há várias razões para o aumento das atividades de mísseis da Coreia do Norte neste ano, que foi sinalizada por Kim em seu discurso de Ano Novo.
Analistas dizem que os testes refletem o desejo de Kim de pressionar os EUA a voltarem às negociações nucleares há muito tempo estagnadas, representam uma demonstração de força para as potências regionais e globais e podem ser fruto de uma necessidade prática de testar novos sistemas de comando militar e de engenharia.
O momento também é significativo, dado que os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim começam no fim desta semana, e a eleição presidencial da Coreia do Sul está marcada para março.
"É consistente com seu comportamento passado de tentar intimidar a Coreia do Sul e o novo presidente", avalia Daniel Pinkston, professor de relações internacionais da Universidade de Troy, nos EUA, que mora na Coreia do Sul.
Também houve um aumento nos testes, à medida que a economia norte-coreana sofre com sanções lideradas pelos EUA, dificuldades impostas pela pandemia e décadas de má administração.
No início deste mês, os EUA impuseram mais sanções à Coreia do Norte.
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