Censura

Escolas de condado nos EUA proíbem 'Maus', história em quadrinhos sobre o Holocausto

O autor de "Maus", Art Spiegelman, chamou decisão de conselho escolar no Tennessee de "orwelliana"



O conselho escolar de um condado do estado do Tennessee, nos EUA, decidiu proibir o uso da história em quadrinhos "Maus" em sala de aula. O livro ganhou em 1992 o prestigiado prêmio Pulitzer, a única HQ até hoje a conseguir o feito.

Na obra, o autor Art Spiegelman entrevista seus pais, judeus poloneses sobreviventes do Holocausto, para retratar o tempo deles como prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz.

O conselho das escolas da região justificou a decisão dizendo que o livro tinha palavrões e uma ilustração de nudez.

No encontro dos membros do conselho escolar do condado de McMinn foi decidido que o livro era inapropriado para os alunos do oitavo ano, que estão na faixa de 13 e 14 anos.

Spiegelman disse que estava "perplexo" com a proibição.

Seis milhões de judeus morreram no Holocausto - a campanha da Alemanha nazista para eliminar a população judaica da Europa.

Em "Maus", judeus são representados como ratos, e nazistas, como gatos.

Além do Pulitzer, a obra venceu o Eisner, a principal premiação dos quadrinhos. "Maus" foi lançado em uma série que durou entre 1980 e 1991.

'Linguagem questionável'

Segundo a ata da reunião, o diretor Lee Parkinson disse que no livro "há uma linguagem crua e questionável".

Outros integrantes do conselho argumentaram pela proibição ao apontar que o desenho de um rato tinha "nudez".

Inicialmente, Parkinson sugeriu que os palavrões fossem censurados, mas a proibição total para o uso em classe foi adotada por temor de eventuais violações de direitos autorais.

Alguns participantes da reunião defenderam a inclusão do livro no currículo.

Em uma entrevista à rede CNBC, Spiegelman chamou o processo de "orwelliano", em uma referência ao autor de "1984", George Orwell.

Ele comentou a decisão do conselho escolar no Tennessee na véspera do Dia de Memória do Holocausto (27/1): "Conheci tantos jovens que... aprenderam coisas do meu livro".

A decisão de proibir "Maus" ocorre em meio a um debate acalorado sobre o currículo das escolas públicas dos Estados Unidos, principalmente sobre o ensino de temas ligados a raça, discriminação e desigualdade.


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